O que é hiperglicemia? Passo a Passo primeiros socorros

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Curitiba, 8 de outubro de 2021, escrito por Gilson Rodrigues. O que é hiperglicemia? A diabetes é uma síndrome metabólica multifatorial caracterizada pela falta ou incapacidade da insulina de cumprir a sua função, ocasionando em um aumento da glicose no sangue. A insulina é a responsável por realizar o transporte da glicose para as células, entretanto, em pessoas diabéticas, o pâncreas (local que produz insulina), não é capaz de produzir ou produz em quantidades insuficientes, desregulando o uso da glicose.

Essa condição pode causar duas consequências, comuns em pessoas com a diabetes não regulada, a hipoglicemia ou hiperglicemia. Esses episódios podem acontecer em qualquer lugar, necessitando de atendimento pré-hospitalar e de emergência.

Nesse contexto, a Brasil Emergências Médicas especializada em ambulância reuniu neste artigo tudo que você precisa saber para identificar essas crises diabéticas e o que fazer logo em seguida como primeiros socorros.

O que é hiperglicemia?

A  hiperglicemia  é definida pelo excesso de açúcar no sangue em relação ao nível de insulina circulante. Geralmente, a partir deste quadro, os indivíduos têm maior propensão para o desenvolvimento de diabetes ou já têm o diagnóstico da doença.

Quais os sintomas da hiperglicemia?

É necessário estar atento aos seguintes sinais e sintomas, que indicam um quadro de hiperglicemia:
● Fadiga crescente;
● Manutenção da prega cutânea/desidratação;
● Respiração rápida, profunda e irregular;
● Pulso acelerado;
● Tremores;
● Hálito adocicado a fruta ou a acetona;
● Face rosada e aspecto congestionado;
Desmaios.

Quais as causas da hiperglicemia e como evitar?

As causas da hiperglicemia podem incluir os seguintes fatores:
● Falta de aplicação de insulina ou aplicação de doses insuficientes;
● Dieta desequilibrada, com ingestão excessiva de alimentos ricos em carboidratos;
● Estresse;
● Infecções e doenças;
● Sedentarismo.

Para evitar a hiperglicemia, algumas medidas e condutas podem ser aplicadas, como:

  • Seguir uma dieta equilibrada e adequada ao tratamento;
    ● Tomar os medicamentos nos horários indicados;
    ● Praticar exercícios físicos de maneira regular;
    ● Monitorar a glicemia para garantir que os alimentos, medicamentos e atividades estão equilibrados;
    ● Relatar ao médico qualquer doença ou estresse incomuns, para que ele possa fazer eventuais mudanças no tratamento;
    ● Comunicar ao médico a ingestão de medicamentos que tenha feito, incluindo remédios que dispensam prescrição médica.

O que é hipoglicemia?

Já a hipoglicemia se caracteriza por uma queda intensa das taxas de glicose no sangue. As células cerebrais precisam de energia para funcionar e com a diminuição drástica da glicose alguns sintomas podem aparecer.

Quais os sintomas da hipoglicemia?

Geralmente, os sintomas se manifestam de forma súbita e incluem:
● Tremedeira
● Nervosismo e ansiedade
● Suores e calafrios
● Irritabilidade e impaciência
● Confusão mental e até delírio
● Taquicardia, coração batendo mais rápido que o normal
● Tontura ou vertigem
● Fome e náusea
● Sonolência
● Visão embaçada
● Sensação de formigamento ou dormência nos lábios e na língua
● Dor de cabeça
● Fraqueza e fadiga
● Raiva ou tristeza
● Falta de coordenação motora
● Pesadelos, choro durante o sono
Convulsões
● Inconsciência

Quais as causas da hipoglicemia e como evitar?

Algumas das causas mais comuns da hipoglicemia são:

● Jejum prolongado: mais de 3 horas sem ingerir qualquer tipo de alimento, alimentação insuficiente ou que não fornece açúcares e carboidratos em quantidades suficientes para o bom funcionamento do organismo.
● Esforço físico em excesso: o funcionamento dos músculos pode consumir a glicose disponível no sangue e o corpo pode não ter tido tempo de liberar suas reservas. É sempre temporário nos indivíduos sadios.
● Consumo de bebidas alcoólicas com o estômago vazio.
● Não tomar a Insulina na dose adequada ou horário correto.
● Mudança no local de aplicação da dose de insulina.

As condutas abaixo podem contribuir para prevenção da hipoglicemia:

● Comer e tomar os remédios ou a insulina no horário e doses corretos
● Certificar-se de que as porções das refeições são suficientes para suprir os medicamentos tomados
● Não consumir álcool em jejum
● Sempre carregar algum alimento fonte de carboidrato na bolsa
● Ter cautela com os horários das refeições, da ingestão de medicamento e da aplicação de insulina
● Planejar a prática de exercícios e aumentar o consumo de alimentos ricos em carboidratos, caso o exercício se estenda ao período programado
● Relatar episódios inexplicáveis de hipoglicemia ao médico

É preciso lembrar que a queda de açúcar no sangue também pode ocorrer durante a noite, precisando, portanto, de alguns cuidados especiais para evitar o ocorrido, como:

  • Verificar o nível de açúcar no sangue antes de dormir. Em caso do resultado for inferior a 120 mg/dl, talvez seja preciso comer um lanche que contenha carboidratos e proteínas.
  • Se o nível de açúcar costuma ser alto pela manhã, o paciente precisa fazer um teste de glicemia durante a madrugada, por volta das 3h da manhã. Já quando o nível de açúcar costuma amanhecer baixo, talvez o paciente precise de uma dose menor de insulina intermediária (NPH) ou de uma insulina de ação lenta à noite. Entretanto, estas alterações na conduta terapêutica devem ser orientadas por um médico.
  • Familiares e/ou companheiros devem atentar a pesadelos, suadouros noturnos, e apreensões durante a noite, pois são indícios de hipoglicemia noturna. Dor de cabeça matinal é mais um sintoma do quadro. Além de reconhecer tais reações, os acompanhantes precisam se preparar para reverter a baixa de glicose, oferecendo sachês de glicose aos pacientes, se necessário.

6 passos para um bom controle glicêmico:

1. Estabelecer, junto ao médico, um objetivo glicêmico.
2. Aprender a verificar a glicemia corretamente.
3. Estabelecer horários para monitorar a glicemia (em jejum, antes e/ou após as refeições).
4. Identificar padrões de glicose no sangue.
5. Na presença de qualquer sintoma, monitorar a glicemia.
6. Saber agir em caso de hipoglicemia e hiperglicemia.

Quais os primeiros socorros para crise diabética?

O primeiro passo é saber se a pessoa tem diabetes, além de identificar qual crise diabética ela está apresentando, hiper ou hipoglicemia. Em seguida, então, tomar a ação de primeiros socorros:

Hiperglicemia

Na hiperglicemia, o valor apresentado pelo aparelho de medida será superior a 180 mg/dL em jejum, ou, superior a 250 mg/dL em outras horas do dia.

Se a pessoa estiver consciente, faça as seguintes perguntas:

● Você se alimentou recentemente?
● Você fez algum tipo de exercício mais do que está acostumado?
● Quando foi a última vez que você aplicou a dose de insulina?
● Você fez uso de algum medicamento hoje?
● Você trocou ou iniciou alguma medicação nova?
● Você tem glicosímetro? Nesse caso, peça a uma pessoa para que verifique sua glicemia.

Como primeiros socorros, é preciso injetar insulina para melhora do quadro:

1. Procure por uma dose de insulina, ideal para casos de emergência;
2. Em seguida, procure injetar a dose com a ajuda de uma seringa na região ao redor do umbigo, ou na parte superior do braço. A região escolhida deve ser segurada como uma prega com os dedos e mantida nessa posição até todo o líquido ser injetado.
3. Caso os índices de açúcar não voltem ao normal em até 15 minutos, ligue imediatamente para o serviço de emergência e espere pela ajuda.
4. Em caso de desmaios, coloque a vítima em posição lateral enquanto aguarda a ajuda médica especializada.

Se não houver uma seringa de insulina em mãos, a dose adequada deve ser administrada por um profissional da saúde. Leve a pessoa até o hospital imediatamente ou, em casos mais urgentes, chame uma ambulância  pelo 192 ou serviço particular.

Ao aplicar a injeção de insulina emergencial, é possível que ela diminua muito os índices de glicemia, ocasionando em um quadro de hipoglicemia. Por isso, é fundamental ficar atento durante a primeira hora após a aplicação, cuidando dos valores e analisando os sintomas.

Síndrome Hiperosmolar Hiperglicêmica (SHH)

A SHH é uma complicação que pode se tornar fatal da diabetes tipo 2. Ela pode ser causada por infecções, derrame, ataque cardíaco, diuréticos e medicamentos que afetam os níveis de insulina no sangue. A perda de líquidos deixa o sangue mais concentrado que o normal e a água é retirada dos órgãos vitais do corpo, até mesmo do cérebro.

Veja alguns sinais e sintomas iniciais da SHH:

● Aumento da sede e micção
● Boca seca
● Náusea
● Febre
● Perda de peso
● Fraqueza

Com a evolução do quadro, os sinais podem evoluir para:
● Convulsões
● Confusão mental
● Comprometimento da fala
● Perda da função muscular
● Problemas com movimentos
● Coma

O controle deve ser feito com acompanhamento médico e aplicação de insulina na veia e líquidos e eletrólitos intravenosos.

Hipoglicemia

A pessoa é considerada em um quadro de hipoglicemia quando apresenta valores abaixo de 70mg/dL, além dos sinais como tremores, palidez e desmaios. Nesses casos siga os primeiros socorros para diabéticos com hipoglicemia:

● Dê algo doce para a pessoa ingerir, 15–20 gramas de carboidratos simples, açúcar ou glicose;
● Verifique se houve melhor da glicemia após cerca de 15 minutos;
● Caso o valor ainda esteja inferior a 70mg/dL, ofereça algum açúcar novamente;
● Se o quadro não melhorar, chame ambulância.
● Caso a pessoa esteja inconsciente, coloque-a na posição lateral de segurança enquanto espera pela ajuda médica.

Lembrando que caso de hipoglicemia, não se deve administrar insulina, uma vez que a glicemia irá diminuir ainda mais.

Veja alguns exemplos de 15 gramas de açúcar simples:

● Gel ou comprimidos de glicose (ver embalagem)
● 1 colher de sopa de açúcar de cana ou mel
● 2 colheres de sopa de passas
● Doces duros, chiclete com açúcar ou jujubas (consulte a embalagem)
● 1/2 xícara de suco ou um refrigerante normal

Outras emergências diabéticas e os primeiros socorros

Há além da hiperglicemia e hipoglicemia, outras emergências em pessoas que possuem diabetes que necessitam de primeiros socorros e podem apresentar complicações, como:

Feridas na pele

As feridas nos diabéticos, mesmo que pequenas e superficiais, devem ser adequadamente cuidadas e tratadas. Isso porque nestes casos apresentam maiores chances de complicações, como infecções e úlceras.

Alguns cuidados com as feridas incluem:
● Sempre usar toalhas limpas para secar a região afetada;
● Não ir a locais com areia ou terra;
● Não usar roupas ou sapatos apertados;
● Evitar contato com animais domésticos.

Caso seja uma ferida muito pequena e demore mais de 1 mês para cicatrizar, procure atendimento médico para tratamento.

Lesão ou torção no pé

O pé diabético se caracteriza por uma série de lesões ou problemas de circulação nos pés. Por isso, em casos de torções ou lesões devem ser tratados de forma adequada para que o quadro não evolua para infecções ou até amputação do membro.

Sintomas:

● Formigamento;
● perda da sensibilidade local;
● dores;
● queimação nos pés e nas pernas;
● sensação de agulhadas;
● dormência;
● além de fraqueza nas pernas.

Esses sintomas podem piorar à noite, ao deitar. Muitas vezes a pessoa só percebe a situação quando já está num estágio avançado e quase sempre com uma ferida ou uma infecção, o que dificulta o tratamento devido aos problemas de circulação.

O tratamento é feito através de uma abordagem completa, contemplando higienização, investigação adequada, tratamento apropriado das feridas, cirurgia especializada, etc.

O Ministério da Saúde recomenda algumas medidas de prevenção, confira:

Prevenção pé diabético:

  • Examinar os pés todos os dias em um local com boa iluminação. Caso não tenha condições de fazê-lo sozinho, peça ajuda de alguém para analisar se há a existência de frieiras, cortes, calos, rachaduras, feridas ou alterações de cor. Uma dica é usar um espelho para ter uma visão completa. Nas consultas, pedir ao médico que examine os pés e avisá-lo imediatamente sobre eventuais alterações;
  • Manter os pés sempre limpos, e usar sempre água morna, e nunca quente, para evitar queimaduras. A toalha deve ser macia. É melhor não esfregar a pele.
  • Mantenha a pele hidratada, mas evite passar creme entre os dedos ou ao redor das unhas;
  • Antes de cortar as unhas é preciso lavá-las e secá-las bem. Para cortar, use um alicate apropriado ou uma tesoura de ponta arredondada. O corte deve ser quadrado, com as laterais levemente arredondadas, e sem tirar a cutícula.
  • Recomenda-se evitar idas a manicures ou pedicures, dando preferência a um profissional treinado, como o podólogo, o qual deve ser avisado do diabetes. O ideal é não cortar os calos, nem usar lixas. É melhor conversar com o médico sobre a possível causa do aparecimento dos calos;
  • Não andar descalço. Manter os pés sempre protegidos, inclusive na praia e na piscina;
  • Os calçados ideais são os fechados, macios, confortáveis e com solados rígidos, que ofereçam firmeza. Antes de adquiri-los, é importante olhar com atenção para ver se há deformação.

Vale Lembrar que em casos de urgência e emergência ou se o paciente não apresentar melhoras, conte com um serviço de emergência com profissionais especializados e capacitados para realizar o atendimento.

Entender o que é a hiperglicemia, os seus sintomas e como revertê-la, assim como a hipoglicemia e outras emergências diabéticas é fundamental para ajudar essas pessoas em momentos de necessidade no dia a dia.

Compartilhe essas informações importantes com outras pessoas e não deixe de entrar em contato com a Brasil Emergências Médicas através do telefone de contato ou e-mail disponível no site, caso tenha alguma dúvida ou necessite de um atendimento pré hospitalar.

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Gilson Rodrigues de Siqueira

Formado em enfermagem, pós graduado, palestrante em dependência química, diretor e proprietário da Brasil Emergências Médicas, Visão Tattoo e escritor nas horas vagas.