11 dicas como ajudar dependente químico?

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Curitiba, 13 de fevereiro de 2021, escrito por Gilson Rodrigues. Ajudar dependente químico: Ter um familiar dependente químico é muito difícil. Isso porque a convivência com os dependentes químicos pode se tornar tão tóxica quanto o vício, em si. Dia a dia, toda a família se vê em uma situação complicada, de querer fazer algo por seu ente querido, ao mesmo tempo que se sente presa, sem saber o que fazer.

O vício em drogas é corrosivo. Afinal, ele não se restringe aos dependentes, mas se espalha por todo o seio familiar, resultando em momentos de dor e sofrimento. Dessa forma, todos estão, de uma maneira ou de outra atrelados a doença do dependente químico. E isso pode ser muito danoso, caso não haja uma orientação correta.

Pensando nisso, preparamos esse post que tem um cunho bastante informativo. Quando as pessoas se veem nessa situação, convivendo com dependentes químico, o desespero pode tomar conta. Mas não é o correto. A família tem o seu papel na recuperação de um usuário de drogas e, esse papel, é fundamental.

De um modo simples, falaremos sobre essa situação e como você, familiar de um dependente químico, pode auxiliá-lo a se livrar do vício. Acompanhe a leitura.

A realidade do dependente químico

Antes de começarmos a tratar sobre a atuação da família do dependente químico, é preciso que compreendamos como é a visão dele, desse momento que está vivendo. Por vezes, o dependente se sente tão acuado, que recorrem a qualquer artifício para tentar manter a neutralidade. Dessa forma, eles mentem. Mentem muito e sem medir as consequências.

As mentiras, para os dependentes, vão além da questão prática, que é evitar o confronto direto. Elas servem, também, para ajudá-lo a criar – e manter – um cenário no qual as coisas não estejam tão ruins quanto parecem. Por isso, eles irão mentir, tentando convencer a todos da “verdade” que estão dizendo.

Principalmente no início da dependência, essas mentiras podem ser convincentes. Porém, conforme o vício vai se instalando, é perceptível para os familiares quando não há verdade nas palavras dos seus entes queridos. Já para eles, parece tudo muito natural.

Então, quando o dependente químico começar a contar histórias, justificando a necessidade de dinheiro ou explicando os motivos de parecer tão alienado, duvide do que ele diz. Não para ele, é claro, mas para você mesmo.

Este é um cenário complexo

Podemos considerar que a mentira é um dos sintomas da doença do  vício em drogas. Ela será cada vez mais recorrente, já que o usuário precisará continuar alimentando essas mentiras, no intuito de enganar os outros e, no processo, se enganar. É aí que enxergamos os danos que vão além do físico, comprometendo, inclusive, o caráter dos dependentes.

Além das mentiras, mais alguns sintomas podem ser observados. São como características que, quando entrelaçadas, dão um panorama geral da situação em que ele se encontra. Portanto, tente ficar atento a esses sinais:

Dependência e tolerância

A cada vez que usa, mais o organismo dos dependentes se torna tolerante à droga. Por isso, ele acaba aumentando a quantidade de substâncias ingeridas, de modo a satisfazer o seu vício. É possível perceber esse aumento, já que todos os outros sintomas se tornam ainda mais latentes.

Abstinência

O dependente químico apresenta mal-estar quando está sem usar a droga no qual é viciado. A abstinência pode se dar através de crises de ansiedade, náuseas, vômitos, agitação, insônia, dor e episódios de depressão.

Comportamento obsessivo

Na ânsia de adquirir a droga, o dependente químico perdem a noção de certo e errado, podendo agir de modo arriscado, roubando, gastando exageradamente e entrando em dívidas.

Exagero

Quando em contato com a substância, os dependentes químicos podem usá-la em grandes quantidades, pelo medo de não ter mais essa oportunidade. São nesses casos, que a overdose se torna um risco.

Isolamento

Ele deixa de interagir com a família, amigos e até mesmo em ambiente profissional.

  • Tenha um bom entendimento da situação

Todos os dependentes químicos, em certo ponto, negam a existência do vício. Seja para satisfazer o que acredita ser o desejo da família, ou até mesmo enganando a si próprio, eles não admitem a doença e, portanto, negam ajuda de quem quer que seja. Chegam a se sentir ofendidos quando há o confronto e ainda mais quando há a proposta de uma internação.

Apenas quando chegam no fundo do poço, eles começam a enxergar tudo o que perderam. Nesse sentido, os centros de ajuda, como os Narcóticos Anônimos, dizem que os dependentes químicos podem escolher um dos três “Cs”: clínica, cadeia ou cemitério. Afinal, esse é o caminho pelo qual irão andar.

Ao mesmo tempo, a família também tem os seus três “Cs”. O primeiro, se refere à causalidade. Eu não causei isso. Efetivamente, é fundamental que os familiares tenham isso em mente, de não serem os causadores da dependência de seu ente querido. O segundo, é relativo à própria capacidade, perante a situação. Eu não posso controlar isso. E, o último, se refere à realidade dos fatos. Eu não posso curar isso.

Três “Cs”: causar, controlar, curar. A família deve ser firme diante da doença de seu ente, mas não pode se submeter a dependência e manipulação dele. Portanto, ela não deve ceder, pensando que isso será benéfico. Ao contrário. A condição dos dependentes químicos, infelizmente, é de querer mais e mais. Quando a família cede, dando dinheiro ou corrigindo seus erros, ela se torna conivente, o que o leva ainda mais ao fundo do abismo.

11 dicas como ajudar dependente químico?

Considerando que a capacidade de raciocínio do dependente químico está comprometida, devido ao uso de drogas, é função da família tomar as decisões mais acertadas para ele. Afinal, quanto mais rápido essa doença for tratada, maiores são as chances de sucesso ao se livrar do vício.

Além disso, é fundamental que os familiares compreendam o que significa a dependência química. Não basta brigar, implorar e até mesmo manter o usuário preso. É preciso, acima de tudo, entender que essa doença deve ser tratada com seriedade, buscando, quando necessário, ajuda profissional.

No entanto, no seio familiar, algumas atitudes também devem ser tomadas, a fim de melhorar a convivência e manter a situação dentro de um limite suportável. São elas:

1 – A dependência química é uma doença

Essa é a primeira verdade que a família precisa assumir, para começar a iniciar um tratamento para se livrar do vício. É preciso ter em mente que a dependência química é um processo onde não apenas o corpo se torna refém de uma substância, como também a mente.

Portanto, é interessante que a família faça uma análise do contexto em que o dependente químico se encontrou durante a vida, para tentar entender se há algum conflito psicológico que pode tê-lo levado a experimentar drogas. Por vezes, traumas e doenças pré-existentes podem ser gatilhos para o início de uma dependência.

Somado a isso, o usuário pode ter encontrado, na droga, um escape da realidade. A partir daí, o uso se torna constante, tornando-o uma espécie de escravo da substância, que regula as suas ações, sentimentos e pensamentos, deixando-o incapaz de tomar decisões corretas.

A perda do interesse em outras atividades que não sejam relacionadas à droga também é um sintoma dessa doença. Por isso, cabe a família compreender que, quando dependente, seu ente querido já não consegue mais ter controle sobre os próprios atos.

2 – Aprenda mais sobre a dependência química 

A maneira mais eficaz de ajudar alguém, é sabendo sobre o que causa o seu problema. Fazendo uma analogia simples: qualquer professor, antes de começar a ensinar alunos, precisam estudar para se capacitar. O mesmo deve acontecer com a família dos dependentes químicos.

É fundamental compreender o que está acontecendo com ele, e isso não se restringe a criticar o seu comportamento viciado. Sabendo mais sobre o modo como a droga age em seu organismo e em sua vida, os familiares podem se aproximar com mais exatidão, evitando os confrontos que, inevitavelmente, terminam em brigas e mentiras.

No entanto, tome cuidado com as fontes onde buscará informações. Tente procurar por dados concretos, sem juízo de valor. Vá até sites médicos e científicos. Além disso, vocês também podem procurar por depoimentos de dependentes químicos em internação. A aproximação dos casos poderá ajudar a traçar um novo panorama.

3 – Não julgue o dependente químico 

Evite fazer julgamentos, quando for conversar com o dependente químico. Demonstre empatia e compreensão, apoiando-o, para que ele se sinta seguro e compreenda que a vida que está levando não é viável. Converse de modo calmo e sincero, falando sobre as suas preocupações e o levando a entender que você está disposto a ajudá-lo.

Não faça comparações e também não conte histórias que ouviu falar. Um dependente químico é diferente do outro. A única coisa que os une, é a incapacidade de se livrar do vício. As brigas e os desentendimentos devem ser evitados, pois não trarão nenhum benefício. Não se iluda, achando que a crítica fará o dependente se arrepender do uso e parar. Ao contrário. As brigas são, sem sombra de dúvidas, um gatilho para que ele vá se drogar.

Portanto, dê opções a ele. Seja firme ao mostrar que a sua intenção é ajudá-lo e que o modo que está vivendo é arriscado. Se disponha a encontrar auxílio profissional e se mostre ao seu lado, para que, juntos, encontrem a melhor opção para se livrar das drogas.

4 – Ajude-o a entender que precisa de ajuda

Complementando a fala anterior, mostre-se disposto a ajudá-lo mas deixe claro que não compactua do seu modo de vida. Leve o dependente a compreender que tudo estaria infinitamente melhor, caso ele se livrasse do vício.

No entanto, o usuário tende a achar que está sozinho e, por isso, é fundamental que se sinta apoiado. É natural que a sua reação seja se afastar, acreditando que apenas a própria força de vontade será capaz de tirá-lo dessa situação. Lembre-se que, nesse momento, o discernimento do seu familiar dependente químico não está correto e é isso que você deve fazer ele entender.

Caso você resolva esperar, para ver se ele próprio consegue se livrar do vício, poderá cair em uma armadilha perigosa. Porque os dependentes, no auge do problema, não conseguem mais parar sozinhos e as falhas podem culminar na perda da autoestima, o que realimenta o ciclo de dependência.

Converse com ele, mostrando que o caminho para se livrar do vício não é simples. Com propriedade, diga que se informou sobre os passos necessários e que, sozinho, ele terá muitas dificuldades. Para tanto, se disponha a ajudá-lo.

5 – Observe o seu comportamento

Lembre-se: apoiar não significa ser conivente. Muito pelo contrário. O papel da família, no caso de dependência química de um dos membros, é ajudar a se livrar do vício, não dar condições para que ele continue se drogando.

Essa ajuda vai além das conversas sem julgamento com o usuário. Ela consiste em observar o seu comportamento, atentando-se para hábitos que costumam desencadear o uso das drogas. Se julgar importante, faça um diário, determinando o padrão do comportamento dos dependentes. Quando ele se sente mais propenso? Qual a situação física que ele se encontra? Algo estimula mais o uso das drogas?

Essas informações são muito importantes para o processo terapêutico do tratamento anti-drogas. Porque, com esses dados, os médicos podem basear um modo de agir, na tentativa de favorecer o dependente e minimizar seu sofrimento durante a abstinência. Além disso, observar o comportamento do usuário é uma questão de segurança, pois a mudança dos atos pode se tornar perigosa.

6 – Identifique o nível de dependência

Sem tratamento, a dependência química tende a piorar com o passar do tempo. Quanto mais demorar para procurar ajuda, mais o usuário ficará refém do uso de drogas. Portanto, tente identificar qual o nível de dependência do seu familiar. Caso esteja em um nível alto e ele não apresente nenhuma intenção de procurar tratamento, é hora de interferir e tomar uma atitude.

Lembre-se de que ele não está em condições de decidir mais nada. Por isso, aborde o assunto com firmeza, se dispondo a ajudá-lo a procurar ajuda especializada. Não faça julgamentos e nem brigue. Apenas coloque as cartas na mesa, mostrando que o caminho pelo qual ele está seguindo não trará bons resultados.

Quando o dependente químico se sente seguro, com apoio da família, a chance de responder positivamente a essa intervenção é maior. Mostre a ele, com clareza, qual é a sua condição. Em uma conversa calma e firme, faça ele refletir sobre algumas questões:

  • Já tentou parar de usar drogas?
  • O que você fez, quando tentou parar?
  • Por que você acredita que não conseguiu?
  • Você quer tentar mais uma vez, agora com a nossa ajuda?
  • Ao refletir sozinho e chegar à essas respostas, o dependente vai se deparar com a incapacidade de se livrar do vício sozinho. A última pergunta, onde a família se dispõe a ajudá-lo, pode ser o passo principal, no intuito de fazer um tratamento eficaz, que trará bons resultados.

7 – Estabeleça limites

Estamos falando sobre apoio, compreensão, calma e paciência. No entanto, é importante reforçar que essa ajuda precisa ter limites. A partir do momento em que se torna passividade, você já está mais ajudando o seu familiar, ao contrário. Estará disponibilizando meios para que ele continue alimentando o seu vício.

Portanto, seja firme ao dizer que não concorda com o uso e que não vai contribuir para que ele se drogue. Não dê dinheiro ao dependente, não “combine” horários onde ele pode usar as substâncias e não corrija os erros que pode vir a cometer por causa do vício. Deixe claro que está ao seu lado para se livrar da dependência, não para subsidiá-la.

8 – Envolva toda a família no projeto

De nada adianta uma pessoa estar a favor da recuperação dependente químico e outra julgá-lo pelo vício. É fundamental que toda a família esteja em concordância, trabalhando juntos, para alcançar o bem maior, que é a recuperação do familiar.

9 – Não exclua o dependente químico

Por mais que passe por algumas situações complicadas e que as crises do dependente químico sejam difíceis de lidar, não desista dele. A dependência, como já dissemos, é uma doença. Esteja ao seu lado, de modo firme, disposto a tirá-lo daquela situação de sofrimento.

Foi clinicamente comprovado, por estudos feitos com usuários em tratamento, que o afeto é fundamental para o sucesso da empreitada. Quando o dependente químico se sente querido, percebe que há um motivo para se livrar das drogas, pois sabe que tem toda uma família o apoiando e um lugar seguro para voltar. Então, dê a ele ainda mais amor.

10 – Converse com familiares de outros dependentes químicos

Falamos muito sobre o apoio vertical, onde você ajuda o seu familiar dependente químico. Porém, é importante falar sobre o apoio lateral, onde você também é ajudado por outras pessoas. Grupos formados por familiares de dependentes químicos  são fundamentais para a manutenção da força. Converse com essas pessoas, ouça as suas histórias e, principalmente, dê apoio a elas, do mesmo modo que farão com você.

11 – Buscando ajuda especializada com a Brasil Emergências Médicas

Muitas famílias se confundem no momento da busca pela ajuda especializada. Porém, o método mais eficaz de saber se está na hora certa, é conversando com o dependente químico. Através das conversas que indicamos que faça, você deve perceber qual é a aceitação do seu familiar. A partir do momento em que ele entender que precisa de ajuda, não demore para procurar auxílio profissional.

Torne-o consciente de sua situação de dependência química. Quando seu familiar admitir que tem um problema e precisa de ajuda, procure as clínicas especializadas em tratamentos para se livrar do  vício de drogas. Essa atitude deve ser rápida, antes que ele mude de ideia.

Procure especialistas gabaritados, que o ajudarão a passar pelo processo de desintoxicação. Lembre-se de que tudo deve ser feito com cuidado e apoio, dando a ele todo o afeto necessário. Se livrar do vício de drogas é algo complicado e doloroso. Por isso, é fundamental que o dependente químico encontre um suporte na família.

Um centro de tratamento eficaz, consiste no grupo de especialistas que irão ajudá-lo a se desintoxicar, com uma equipe pronta para atendê-lo. Além disso, esses locais também podem auxiliar as famílias, dando todo o apoio psicológico de que precisem.

Acima de tudo, preze pela segurança de seu ente querido. Caso seja necessário, utilize os serviços de resgate de dependente químico, que são direcionados, especificamente, para situações como essas.

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Gilson Rodrigues de Siqueira

Formado em enfermagem, pós graduado, palestrante em dependência química, diretor e proprietário da Brasil Emergências Médicas, Visão Tattoo e escritor nas horas vagas.