Clinica psiquiátrica. Como os pais podem resgatar um filho

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Curitiba, 13 de fevereiro de 2021, escrito por Gilson Rodrigues. Um dos maiores problemas para os pais é quando descobrem que um filho está fazendo uso de drogas. Geralmente os pais não sabem que atitude tomar, se precisam colocar de castigo, levar a um médico ou internar em uma clinica psiquiátrica.

Contudo, a melhor forma de cuidar do assunto é, antes de tudo, manter a calma e procurar falar diretamente com o filho sobre o assunto. Aliás, não importa o tipo de droga que está sendo usada, o que importa é encontrar o melhor meio de resgatar esse filho e fazer com que volte a ter uma vida normal.

É importante que os pais entendam que grande parte dos adolescentes utiliza algum tipo de droga, desde uma considerada lícita, como o álcool, até drogas ilegais, como a maconha, a cocaína e o crack. Portanto, é preciso se informar para cuidar melhor do problema.

Os pais precisam se dar conta de que não é apenas o uso de drogas ilegais que pode criar problemas. Muita gente internada em clinica psiquiátrica está fazendo tratamento contra o alcoolismo, por exemplo, que é considerada uma droga lícita.

Além disso, também é preciso atentar para o fato de que o uso de drogas faz parte da civilização, levando as pessoas a buscar efeitos prazerosos e satisfazer determinadas vontades e desejos, muito embora possam causar sérios danos. Dessa forma, tanto os pais quanto os filhos devem buscar melhores esclarecimentos sobre essas substâncias.

O uso casual de uma droga qualquer, como a maconha, entre outras, mesmo sendo um problema, pode não ser motivo para levar o filho a ser internado em uma clinica psiquiátrica. O tratamento só é recomendado quando o jovem está fazendo uso compulsivo de uma substância psicoativa, gerando a dependência.

Aliás, é preciso entender também que o consumo compulsivo geralmente está ligado a determinadas condições psicológicas do próprio dependente químico, e esse problema pode se tornar ainda mais grave, devendo ser buscadas as causas para o consumo para que o jovem possa se conscientizar sobre a situação e, antes, procure soluções para suas questões pessoais.

O desenvolvimento mental e a busca pelas drogas

Podemos entender que o consumo de drogas pode ser provocado pelas mais diversas causas, mas um ponto é comum entre os jovens: quando está em desenvolvimento, a mente de um adolescente se mostra mais curiosa do que a de um adulto, levando-o a correr mais riscos.

Durante a fase de aprendizado e de crescimento, quanto mais o adolescente explora o mundo, maior desenvolvimento terá quando adulto. Assim, o consumo de drogas faz parte dessas experiências, e esse comportamento não faz com que o jovem seja internado em uma clinica psiquiátrica. É importante, para os pais, entender que não se deve esperar que o filho seja um exemplo de virtude.

Os cuidados devem ser tomados quando o adolescente começa a usar as drogas com maior frequência, deixando-se levar pelo efêmero prazer causado por elas. Portanto, os pais não devem encarar o fato como algo sem solução, mas sim procurar ter uma conversa franca e honesta sobre o assunto.

Para conversar francamente, no entanto, é necessário que os pais tenham algum conhecimento sobre a dependência química e tratamento e sobre os danos que as drogas podem causar no desenvolvimento pleno de seus filhos.

Assim, é importante saber que o jovem está em desenvolvimento mental pelo menos até os 25 anos de idade e o consumo de drogas, mesmo que seja uma mais leve, como a maconha, pode interferir em seu desenvolvimento.

A conversa franca sempre apresenta algum resultado positivo e gera maior liberdade de tratar de assuntos considerados tabu pela sociedade. Enfrentar o problema e conversar sobre ele é uma maneira de resgatar o filho do mundo das drogas, evitando que seja internado em uma clinica psiquiátrica.

Mesmo porque, como sabemos, a correria da vida atual não possibilita que os pais acompanhem o desenvolvimento de seus filhos como ocorreu com gerações passadas, e essa liberdade forçada a eles concedida os deixa mais propensos a tomar atitudes por conta própria. Infelizmente, uma dessas atitudes pode ser o consumo de drogas.

O mais importante para resgatar um filho das drogas, portanto, é fazer o acompanhamento dos filhos, principalmente durante a adolescência. Essa é a fase mais complexa na vida de qualquer ser humano e a impulsividade é sua principal característica.

Observando qualquer alteração no comportamento do jovem, os pais têm por obrigação procurar saber o que está acontecendo e, descobrindo que está fazendo uso de drogas, tomar as atitudes mais condizentes com a situação, principalmente para evitar que se torne um dependente químico, já que a dependência química é uma doença e, infelizmente, ainda considerada incurável.

A clínica psiquiátrica não pode curar a dependência química

A dependência química se desenvolve aos poucos, no caso de drogas mais leves, como a maconha, podendo, inclusive, não se apresentar na maior parte dos usuários de maconha, mas é uma doença mais rápida quando se trata de cocaína ou crack.

É muito difícil, para uma pessoa leiga, saber quando uma pessoa está se tornando dependente químico, mas, de acordo com os especialistas, existem alguns critérios que permitem saber se uma pessoa está sofrendo da dependência química. Assim, é preciso prestar atenção no comportamento e, se o jovem apresentar pelo menos três sintomas dos descritos a seguir, existe essa possibilidade, o que pode exigir a internação em uma  clinica psiquiátrica:

  • O jovem pode se tornar tolerante, ou seja, precisa cada vez de maior quantidade da droga que está usando para conseguir os mesmos efeitos anteriores;
  • O jovem pode apresentar sintomas de abstinência quando não está usando drogas, como irritabilidade e ansiedade;
  • O dependente químico não consegue controlar o uso da substância, sendo levado a um consumo compulsivo e por muito mais tempo;
  • Mesmo tendo a intenção de reduzir a quantidade, o jovem não consegue;
  • A pessoa dependente química passa a perder o seu tempo para conseguir as drogas, para usá-las e para se recuperar de seus efeitos;
  • A vida social, profissional e escolar começa a ser negligenciada pelo adolescente que se torna dependente químico;
  • O consumo de drogas continua, mesmo que o jovem esteja sentindo os efeitos danosos provocados por essas substâncias.

Quando se trata de uma droga mais pesada, os cuidados devem ser maiores. Por isso, além de conversar francamente sobre o assunto, também é necessário saber que tipo de substância o adolescente está usando.

De acordo com os estudos realizados com drogas, pelo menos 10% dos usuários de maconha se tornam dependentes químicos, e esse percentual é considerado um dos menores, quando comparado com outras drogas. Mesmo sendo baixo, o percentual pode levar o adolescente usuário de maconha a se tornar dependente químico.

No caso de maconha, dessa forma, o tratamento pode ser feito com atendimento por um especialista, psicólogo ou psiquiatra, sem a necessidade de internação em uma clinica psiquiátrica, levando o adolescente a entender os problemas que o levaram a fazer uso dessa substância.

Contudo, no caso de drogas mais pesadas, a dependência química vai se tornar um problema cada vez maior, havendo a necessidade de um tratamento em clínica especializada, principalmente quando o jovem apresenta sintomas de intoxicação.

Como se trata de uma doença incurável, a dependência química não pode ser erradicada totalmente, mas sim mantida sob controle, como acontece com doenças crônicas, como o diabetes, por exemplo. Mas é importante destacar que o tratamento só pode ser considerado eficaz quando suas causas forem tratadas.

Em muitos casos, é bastante comum que o jovem troque um vício pelo outro, como, por exemplo, deixar de usar drogas, mas se tornar dependente de medicamentos de uso controlado. Portanto, a internação em uma clinica psiquiátrica pode ser a melhor solução para que o jovem possa manter o controle sobre sua própria vontade, tomando as precauções necessárias para não se envolver novamente com as substâncias psicoativas.

Internação em clínica psiquiátrica: como fazer

A internação em clinica psiquiátrica ou clínica de reabilitação, está prevista na legislação (LEI Nº 13.840, DE 5 DE JUNHO DE 2019), podendo ser feita de três maneiras:

  • A internação voluntária, quando o dependente químico aceita o tratamento;
  • A internação involuntária, quando os pais tomam a decisão, mesmo contra a vontade do dependente químico;
  • A internação compulsória, quando a autorização é feita por um juiz, mesmo contra a vontade dos pais ou do próprio dependente químico.

É importante destacar, no entanto, que a legislação já se torna um tanto ultrapassada, principalmente porque o consumo de substâncias psicoativas vem se tornando cada vez maior e, na verdade, a lei foi planejada para transtornos mentais, ou seja, direcionada para doentes mentais e não especificamente para dependentes de drogas, muito embora seja utilizada também para esse tipo de tratamento.

O que ocorre na realidade é bastante diferente do que uma simples legislação instituída há quase duas décadas: quando os pais descobrem que o filho está se tornando dependente químico, o problema é muito mais íntimo e familiar. Nesse caso, trata-se de um ente querido, de uma pessoa que faz parte da família e o sofrimento ultrapassa qualquer forma de lei que possa ser usada.

Portanto, não é apenas decidir que o filho deve ser internado em uma clinica psiquiátrica, e sim encontrar meios para que ele possa se recuperar e manter um estilo de vida de acordo com o que a sociedade estabelece, assumindo seus compromissos e se tornando um adulto respeitado e senhor de suas próprias decisões.

Os pais precisam ter consciência de que devem tomar uma atitude e a primeira delas é procurar a orientação de especialistas no assunto. Consultar um psicólogo ou um psiquiatra é essencial, principalmente pelo fato de que, quando se tem um dependente químico no ambiente familiar é bastante comum também se desenvolver a codependência, levando as pessoas a se envolver de uma forma errônea no assunto e, em muitos casos, fazendo com que se tornem também vítimas da situação.

O tratamento em uma clinica psiquiátrica pode ser considerado como a forma mais extrema, quando o usuário adolescente está fora de controle com relação às drogas. Por isso é importante que os pais prestem atenção ao comportamento de seus filhos, redobrando essa atenção quando existe qualquer suspeita de consumo de substâncias ilícitas.

Antes dessa atitude, é de extrema importância que se busquem outros meios, através de um tratamento que possa devolver ao jovem condições de manter sua vida de forma saudável, evitando, inclusive, que possa se envolver com a criminalidade.

Embora seja evidente que é responsabilidade dos pais cuidar de seus filhos até que eles tenham condições de levar sua vida de maneira apropriada, é praticamente impossível, nos dias atuais, evitar que façam uso, mesmo que recreativo, de uma substância ilícita.

No entanto, agindo com honestidade e franqueza, o adolescente pode ser conduzido de uma maneira mais apropriada e, para tanto, é necessário que os pais ajam com prudência, se houver a desconfiança de que estejam fazendo uso de drogas.

Entre as atitudes que os pais podem tomar para evitar o agravamento do problema, os pais devem, em primeiro lugar, manter a calma, não agir com impulsividade ou mesmo entrar em pânico. É preciso conversar com o jovem e não perder tempo com sentimentos de culpa.

Além disso, é preciso encarar a situação da forma como ela exige, ou seja, não considerar que seja um assunto de menor importância. Como pais, eles têm o direito e não aceitar que o filho faça uso de drogas.

Dedicar um tempo para conversar com o filho sobre o assunto pode ser o primeiro passo para levá-lo a entender que o consumo de drogas pode se tornar um problema muito mais grave e ele precisa ter conhecimento dos danos causados pelas substâncias psicoativas.

Essa conversa, porém, deve ser feita em um momento em que ele não esteja sob efeito de qualquer droga. Enfrentando o momento com sobriedade, ele poderá explicar o que está acontecendo e falando sempre com honestidade e franqueza os resultados podem ser bastante promissores.

Os pais devem, portanto, se informar sobre o assunto e fazer com que o filho entenda que, se houver continuidade no consumo de drogas, o seu caminho, infalivelmente, será a internação em uma clinica psiquiátrica. Esse fato, por si só, poderá fazer com que ele compreenda melhor o caminho que está tomando, se continuar usando drogas.

Também é importante que os pais sejam compreensivos nesse momento, entendendo que, como adolescente, experimentar qualquer tipo de droga pode ser considerado como fato normal, principalmente nos dias atuais, quando é tão fácil conseguir qualquer tipo de substância. E, afinal, experimentar não quer dizer que o filho esteja dependente. Quer dizer que se trata de uma pessoa que está conhecendo o mundo e as coisas que ele oferece.

Mesmo porque, os pais também passaram pela adolescência e, certamente, cometeram diversos erros que não agradaram seus pais. Embora a época seja diferente, separada por apenas uma geração, a adolescência não mudou em sua essência. Um jovem sempre é um jovem.

Contudo, é preciso definir limites para o comportamento de um jovem que está fazendo uso de drogas e, nesse caso, a autoridade dos pais deve ser respeitada. O filho deve entender claramente que, enquanto estiver sob a dependência da família, deve respeitar determinados limites, e o consumo de drogas  extrapola esses limites.

Fazer o acompanhamento do filho durante a adolescência e tornar-se seu amigo e parceiro é muito mais interessante, saudável e promissor do que enfrentar a necessidade de interná-lo em uma clinica psiquiátrica.

Embora pareça difícil e complicado, os pais devem se comportar de uma forma que sejam vistos não como modelos exemplares de seres humanos, mas como pessoas normais, em quem o filho pode confiar.

Porém, em qualquer situação, é preciso dar o exemplo. Não vai resolver conversar com um filho que está usando drogas se o próprio pai consome bebidas alcoólicas de forma exagerada, por exemplo, ou mesmo se é usuário de fumo ou de qualquer substância.

Devemos entender que uma criança deve ser orientada desde pequena para levar uma vida saudável e, acima de tudo, é importante saber que os pais se tornam um exemplo, com suas atitudes e seu comportamento.

Resgatar um filho das drogas quando o problema é mais grave é muito mais difícil do que tomar atitudes que evitem que um filho seja internado em uma clinica psiquiátrica. Portanto, tomar as atitudes certas no momento em que isso é exigido é a melhor maneira de manter um desenvolvimento saudável, dentro dos padrões exigidos pela sociedade.

 Se você tem algum familiar que não aceita ajuda, procure o tratamento e encontre uma empresa de resgate dependente químico. O dependente, no futuro, vai agradecer.

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Gilson Rodrigues de Siqueira

Formado em enfermagem, pós graduado, palestrante em dependência química, diretor e proprietário da Brasil Emergências Médicas, Visão Tattoo e escritor nas horas vagas.