Dependente químico: Internamento com ambulância

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Curitiba, 13 de fevereiro de 2021, escrito por Gilson Rodrigues. A Organização Mundial da Saúde, na Classificação Internacional de Doenças, conhecida como CID-10, define que a dependência química é uma série de sintomas, envolvendo o comportamento, a cognição e o próprio organismo que se desenvolvem após o uso continuado de uma substância psicoativa. Em muitos casos, o dependente químicose torna crônico, exigindo internação para tratamento das drogas.

A dependência química não se desenvolve apenas através das drogas ilícitas, como crack, cocaína ou maconha, mas também com o fumo ou o álcool, embora as substâncias psicoativas ofereçam maior risco de dependência crônica.

Como a dependência química é considerada doença crônica, muitos fatores e condições podem contribuir para que ela se instale, como, por exemplo, a quantidade de drogas utilizada e a frequência de seu uso. Além disso, interferem outras condições, como a saúde do dependente químico, o ambiente em que vive, sua condição mental e até mesmo sua genética.

A exigência de resgate para conduzir o dependente químico a uma internação deve ser feita a partir do momento em que se identificar em um usuário as características que o diagnosticam como dependente químico crônico.

Com relação às drogas que afetam diretamente o cérebro, existem pessoas que apresentam condições mais propícias para o desenvolvimento da dependência química, como problemas psicossociais e familiares, falta de condições de resolver os próprios problemas, relacionamento conturbado com familiares ou com amigos, entre outros.

São considerados, portanto, fatores de risco para o agravamento do problema da dependência química, levando-a a se tornar crônica e fazendo com que o usuário tenha comportamentos diferentes, muitas vezes agressivo, negando a internação e a família contratando a ambulância particular para que possa ser resgatado com segurança.

É importante, no entanto, destacar que esses fatores de risco são bastante particulares, ou seja, eles variam de uma pessoa para outra, dependendo, inclusive, de sua própria personalidade. No entanto, ao mesmo tempo em que encontramos fatores de risco, também podemos ter fatores de proteção, que levam o indivíduo a não se deixar levar pelo uso de drogas.

Dependente químico: Internamento com ambulância 

Os sintomas da dependência crônica são fáceis de serem diagnosticados, inclusive por pessoas leigas: o usuário não consegue controlar sua vontade de usar drogas e perde totalmente o controle sobre seus atos. Na falta das drogas, surgem os sintomas de abstinência, como, por exemplo, sudorese, tremores, agressividade e ansiedade.

Quando um dependente chega a essa condição, os familiares ou pessoas próximas é que precisam tomar a atitude de encaminhá-lo para internação e tratamento, utilizando os serviços de remoção dependente químico para garantir sua segurança e integridade física.

Havendo qualquer desconfiança sobre um integrante da família que esteja fazendo uso de drogas, os familiares têm o dever de acompanhar e analisar sua condição. Existem diversos tipos de usuários de drogas e cada tipo exige um tratamento diferenciado.

Assim, por exemplo, podemos encontrar um usuário eventual, que faz uso das drogas apenas por curiosidade e que conseguem manter o controle, não se tornando dependente químico, como também existem os usuários ocasionais, que fazem uso das substâncias em determinadas ocasiões, não deixando que elas interfiram em sua vida normal.

No entanto, é possível encontrar o usuário habitual, que está se tornando dependente químico, podendo essa condição ser notada quando ele apresenta algumas alterações de comportamento e essa condição pode levá-lo à dependência química crônica, quando ele não consegue ficar muito tempo sem a substância.

Nesses casos, o passo seguinte é se tornar um usuário que passa a ser contumaz, utilizando as drogas a todo momento, perdendo trabalho ou escola, deixando de lado o relacionamento com a família e com os amigos, usando a droga de forma compulsiva. Essa é uma condição em que o usuário se torna dependente químico crônico, exigindo a internação para tratamento e seu resgate por ambulância particular para ser conduzido a uma clínica de recuperação.

Um usuário crônico é um indivíduo que sabe que está tendo problemas com as drogas, mas não consegue parar. A tolerância desenvolvida exige que ele precise cada vez mais de doses maiores da substância e, assim, a única alternativa é o tratamento em uma clínica de recuperação para dependentes químicos.

Consequências da dependência crônica

A dependência química crônica é uma condição que vem afetando cada vez mais jovens e adolescentes, como se pode ver pelas ruas, em grupos reunidos para o consumo de crack, principalmente.

Essa dependência química acaba por levar a diversos problemas, inclusive físicos, uma vez que qualquer tipo de drogas provoca danos à saúde, principalmente doenças respiratórias e cardíacas. Em alguns casos, caso não seja devidamente cuidado, o usuário crônico é levado à morte.

Além dos danos físicos, os que mais afetam a vida de um dependente químico crônico são as alterações psicológicas, levando-o à perda da atenção e da concentração, falta de noção de tempo e espaço, mudanças frequentes de humor e redução da autoestima, o que o leva a se tornar uma pessoa depressiva, apresentando claros sinais de comportamento doentio.

O resgate de um dependente químico crônico, promovido por ambulância particular, é a forma mais correta de buscar recuperação para essa pessoa, principalmente porque, nessas condições, ela não vai conseguir tomar qualquer atitude favorável para sua vida futura.

Como as drogas afetam o comportamento do dependente químico

Cada tipo de droga apresenta uma forma de ação diferente, embora todas elas afetem diretamente o sistema de recompensa cerebral, ou seja, provocam mudanças no córtex pré-frontal, onde temos um conjunto de neurônios que são os principais responsáveis pela liberação de dopamina, o neurotransmissor responsável pelo prazer.

O prazer que sentimos ao experimentar um alimento saboroso ou mesmo uma situação de felicidade, é promovido pela dopamina. Os estímulos promovem a liberação da dopamina nas sinapses, que fazem a conexão entre os neurônios, trazendo a recompensa.

O prazer, no entanto, não é tão durável e a dopamina é recapturada pelo neurônio que a liberou. Com o uso de drogas, o neurônio não consegue recapturar a dopamina, fazendo com que ela permaneça na sinapse. Isso vai estimular a comunicação entre os neurônios, prolongando a sensação de prazer, levando à dependência.

A dependência química é desenvolvida a partir do momento em que, sentindo prazer, o usuário passa a ficar mais e mais voltado para essas sensações, deixando de sentir qualquer bem-estar com outros meios, passando a viver exclusivamente para o consumo de drogas.

Os familiares, portanto, devem prestar atenção, principalmente ao descobrir que um seu integrante está fazendo uso de drogas, evitando que possa se tornar um dependente químico crônico e procurando ajuda, solicitando uma ambulância particular para que o mesmo seja conduzido a tratamento.

Se o dependente químico crônico não for submetido a tratamento, será levado a condições mais graves de saúde física e mental. As drogas, além do prazer, interferem na forma como o cérebro atua, além de promover alterações fisiológicas, como a vasoconstrição e o aumento da pressão arterial, situações que podem levar o dependente químico a ter um acidente vascular cerebral.

O consumo excessivo de substâncias psicoativas, dessa forma, leva a cérebro a ter falta de irrigação sanguínea, condição que, por sua vez, vai afetar o processo de funcionamento do cérebro, afetando o processo de cognição.

Quando um dependente químico crônico consome, por exemplo, cocaína ou crack em conjunto com bebidas alcoólicas, os danos se tornam mais graves, já que a mistura vai gerar a formação de um metabólito conhecido como cocaetileno, responsável pela intoxicação dos neurônios e por danos ao sistema cardíaco.

O crack é uma substância ainda mais perigosa, pois é absorvido com maior rapidez. Assim, além de provocar os efeitos idênticos aos da cocaína, de uma forma mais intensa, esses efeitos são mais rápidos, levando o usuário a ter depressão e fazendo com que o sistema de recompensa exija novamente o consumo da substância.

Entre as drogas mais leves, como é o caso da maconha, embora não provoque vasoconstrição, o seu principal agente ativo, o THC, provoca alterações nos vasos sanguíneo, reduzindo determinadas regiões cerebrais e afetando a capacidade da memória e o controle das emoções.

Dificilmente um usuário de maconha se torna dependente químico crônico e muito raramente um dependente de maconha vai precisar de ambulância particular para seu resgate e tratamento, mas é importante saber que a maconha é considerada pela maior parte dos especialistas como uma porta de entrada para drogas mais pesadas.

Além disso, o uso constante de maconha leva o dependente a desenvolver transtornos mentais, como a esquizofrenia, por exemplo. A redução de algumas regiões cerebrais promovida pelo THC foi constatada em diversos estudos. Com essa redução, o dependente químico terá menos condições de aprendizado e de retenção de memórias, prejudicando seu desenvolvimento, principalmente se ainda for adolescente.

O consumo de maconha, entre outras coisas, vai afetar a forma como o dependente se comunica, sua memória operacional e a atenção, levando-o a ter prejuízos no desempenho escolar ou, se adulto, a não conseguir cumprir com tarefas das mais simples.

Ou seja, com a redução de determinadas áreas cerebrais, principalmente o córtex pré-frontal, o dependente de maconha não consegue executar tarefas que exigem conhecimento, ou memória, e, se for um estudante, terá mal desempenho escolar e, se for um adulto, ficará limitado em suas atividades profissionais.

As drogas não oferecem qualquer efeito benéfico

Podemos entender, dessa forma, que não existe qualquer droga psicoativa que ofereça benefícios para o dependente químico. Mesmo uma droga considerada mais leve, como a maconha, que está sendo testada em diversos países para aliviar sintomas de determinadas doenças, na verdade não está trazendo qualquer benefício, e sim levando o doente a desenvolver mais um problema em sua vida: a dependência.

Alguns estudiosos defendem o uso da maconha afirmando que um de seus componentes, o canabidiol, oferece um efeito de proteção aos neurônios, servindo para o tratamento de doenças como transtorno de déficit de atenção, náusea provocada por quimioterapia, esclerose múltipla, glaucoma ou epilepsia.

Contudo, a maconha está sendo cada vez mais desenvolvida em laboratórios, tornando-se mais potente, com maior quantidade de THC e, quando um doente fuma para aliviar os sintomas de uma determinada doença, também está ingerindo essa substância.

Com relação a outros tipos de droga, a ciência já tem a convicção de que elas só provocam prejuízos. Portanto, quando uma pessoa da família apresenta sinais de que está usando qualquer tipo de substância psicoativa é preciso que se tenha atenção redobrada para que não chegue à dependência química crônica, exigindo tratamento e ambulância particular para seu resgate.

Ainda hoje encontramos pessoas que afirmam que o consumo recreativo de qualquer tipo de droga não provoca qualquer mal no usuário, mas isso é um grande engano. O sistema de recompensa cerebral não é ludibriado tão facilmente.

A partir do momento em que um indivíduo começa a usar determinada substância, o prazer que ela oferece vai ser lembrado continuamente e, dessa forma, ele começa a desenvolver a dependência química. À medida em que vai consumindo, mais necessidade ele vai ter da substância e maior quantidade será exigida pelo sistema de recompensa para oferecer o efeito do primeiro uso.

A dependência química, por sinal, é uma doença que apresenta características individuais, ou seja, não encontramos um dependente igual ao outro. A doença depende de fatores ambientais e genéticos. Assim, algumas pessoas são mais propensas a ter uma dependência química crônica do que outras.

O próprio desenvolvimento escolar pode interferir no processo de desenvolvimento da dependência química em idade mais avançada, já que, quando temos maior conhecimento e habilidades, temos também maior número de sinapses no cérebro, o que nos leva a manter uma reserva física que gera resistência aos prejuízos provocados pelas drogas.

Uma pessoa que teve baixo desempenho escolar e que nunca se importou com o aprendizado, dessa forma, não possui a reserva necessária para garantir a resistência aos efeitos das drogas, o que a leva a se tornar um candidato mais favorável para a dependência.

Como fazer o tratamento para a dependência crônica

O tratamento da dependência química crônica deve ser feito de forma individualizada de acordo com as características e sintomas apresentados por cada usuário. O encaminhamento para uma clínica de recuperação com o auxílio do resgate por uma ambulância particular é o começo desse processo.

O usuário deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar, com profissionais de saúde clínicos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, psicólogos e educadores físicos. É necessário ter um quadro completo das condições do usuário e do seu comportamento.

O dependente químico precisa do acompanhamento em médio e longo prazo, uma vez que se trata de doença crônica e que, assim, não pode ser totalmente curada. Dependendo da gravidade da situação, o dependente químico pode se mostrar totalmente livre do problema, mas a vontade de consumir a substância pode ser acionada por qualquer gatilho.

O consumo de drogas, de forma geral, estabelece profundas modificações no comportamento do usuário, modificando totalmente alguns aspectos importantes de sua vida, além de afetar seus familiares e amigos. Em razão dessa complexidade, o tratamento deve atender a todas as necessidades do dependente para que tenha eficácia.

Mesmo que passe pelo tratamento, um dependente químico deve promover uma série de alterações em seu comportamento e no estilo de vida. Assim, por exemplo, ele deve evitar frequentar os locais onde conseguia drogas, deixar de se encontrar com pessoas com quem consumia, afastar-se de qualquer tipo de situação que possa promover o gatilho. Certamente, essa é uma condição das mais complicadas para manter o controle sobre a doença.

A medicina ainda não conhece uma cura definitiva para a dependência química. Trata-se de um problema crônico que, como acontece com a hipertensão e com o diabetes, pode ser controlado, mas não totalmente eliminado. Em razão disso, tudo vai depender do próprio portador, que deve encontrar os meios para não retornar às drogas.

A família tem um papel importante nesse processo. O dependente químico deve ter a atenção necessária e condições suficientes para não sentir vontade de retomar o consumo de drogas, evitando a internação e a necessidade de resgate dependente químico por uma ambulância particular. Esta, certamente, é a melhor fórmula para evitar recaída.

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Gilson Rodrigues de Siqueira

Formado em enfermagem, pós graduado, palestrante em dependência química, diretor e proprietário da Brasil Emergências Médicas, Visão Tattoo e escritor nas horas vagas.