9 erros mais cometidos com dependente químico
Curitiba, 13 de fevereiro de 2021, escrito por Gilson Rodrigues. O crescente aumento do consumo de substâncias psicoativas tem levado muitos dependentes a precisar de atendimento de emergência médica e ambulância 24 horas. A principal necessidade para os familiares de um dependente químico é conhecer melhor o problema.
Sumário
9 erros mais cometidos na dependência química
O consumo e a dependência de drogas não é algo tão simples e, ao mesmo tempo, não deve ser estigmatizado. Trata-se de uma doença que precisa de tratamento e determinados cuidados para que o dependente químico tenha condições de se recuperar e retornar à sua vida rotineira de antes da dependência se instalar.
A dependência de drogas provoca uma série de transtornos mentais e doenças físicas. Um dependente, mesmo sabendo das graves consequências do consumo, não consegue, na maior parte das vezes, se livrar do problema. Em razão do consumo, muitos dependentes podem ter necessidade de atendimento de emergência médica e muitos problemas podem ser evitados, desde que os familiares tomem as providências necessárias.
Devemos considerar que a dependência química não é provocada apenas por substâncias ilícitas. São diversas as substâncias que podem gerar dependência e, de acordo com a medicina, há pelo menos 9 classes de substâncias que podem provocar problemas físicos e mentais:
- Álcool, presente em todas as bebidas alcoólicas;
- Cafeína, presente no café, em chás e em noz de cola;
- THC, presente na maconha e no haxixe;
- Finiciclidina, dietilamida e psilocibina, presente nos alucinógenos;
- Inalantes, consumidos através de colas e tintas spray;
- Opioides, presentes na heroína e em analgésicos;
- Barbitúricos, benzodiazepina e anti-histamínicos, presentes nos ansiolíticos;
- Estimulantes consumidos através de cocaína e anfetaminas;
- Tabaco, consumido através de charutos e cigarros.
Os agrupamentos, infelizmente, não permitem classificar de forma comum cada tipo de substância psicoativa, uma vez que algumas podem pertencer a mais de uma categoria, mas nos servem para entender suas características e identificar as que mais causam emergência médica.
O que faz com que as drogas causem dependência?
As substâncias que provocam dependência têm sua ação direta ou indireta no sistema de recompensa cerebral. A principal função do sistema de recompensa é satisfazer nossas necessidades de sobrevivência, como, entre outras, a alimentação e o prazer nos atos que fazemos de forma comum.
Evidentemente, o sistema de recompensa é bastante complexo, embora atuando de uma maneira bem simples, ou seja, quando conseguimos uma sensação satisfatória, somos levados a fazer o mesmo ato.
Isso ocorre porque o cérebro libera uma determinada quantidade de dopamina, um tipo de hormônio que nos oferece prazer. A dopamina, quando liberada pelo cérebro, também atinge outras áreas, despertando nossas emoções e podendo alterar nosso comportamento.
Com o constante consumo de uma determinada substância, automaticamente nosso cérebro nos leva a repetir a ação, levando o usuário a desenvolver dependência da substância e, em alguns casos exigindo a atenção de emergência médica. Isso ocorre porque a produção de dopamina é feita por células que se tornam conectadas, o que torna mais fácil garantir o mesmo prazer no futuro.
O sistema de recompensa cerebral vai se desenvolvendo de acordo com a idade, atendendo nossas necessidades de sobrevivência. Essa condição acontece normalmente em qualquer pessoa que não seja dependente.
Contudo, quando uma pessoa consome determinada substância que aumenta a quantidade de dopamina, essa mesma substância acaba por se apoderar do sistema de recompensa, o que leva o usuário a se sentir motivado para o consumo da substância, procurando mais vezes o mesmo prazer.
A dependência química se instala a partir do momento em que o usuário procura a substância acima do normal, sobrepondo sua vontade a outras necessidades básicas de sobrevivência, ou seja, os efeitos da droga se tornam mais importantes do que qualquer outra coisa na vida.
Sintomas provocados pela dependência química?
Os sintomas causados pela dependência química são muito variáveis, dependendo principalmente do tipo de substância consumida, da forma como ela está sendo usada e, além disso, da própria condição de cada usuário.
Determinadas drogas, como o crack, por exemplo, podem causar problemas físicos, que levam o usuário a precisar de emergências médicas, enquanto uma substância como cafeína, por exemplo, não chega a causar danos mentais ou físicos.
Em razão disso, não podemos considerar que determinados transtornos sejam consequência de dependência química, havendo a necessidade de analisar cada caso e cada situação.
Quando se trata de dependência química que exige atendimento de emergência médica, é fácil perceber no usuário: ele vai apresentar sintomas de comportamento e cognição totalmente diferenciados de uma substância de menor periculosidade.
De uma forma geral, podemos classificar os transtornos causados por substâncias psicoativas em quatro condições apresentadas pelo usuário:
Falta de controle por parte do usuário
A falta de controle no consumo de substâncias por parte do usuário é uma das principais causas da dependência. Com o tempo, ele vai aumentando a quantidade e usa as drogas por tempo mais longo do que havia planejado e, com isso, vai aumentando a tolerância, havendo necessidade de cada vez maiores quantidades para conseguir os mesmos efeitos.
A mente e o organismo, diante disso, sofrem com as consequências, levando o usuário a transtornos mentais e a problemas físicos que podem exigir atendimento de emergência médica.
Falta de comprometimento com os compromissos
O uso continuado de substâncias psicoativas leva o usuário, aos poucos, a não cumprir com seus compromissos, tanto pessoais quanto profissionais. O tempo disponível é usado para o consumo de drogas ou para se refazer dos seus efeitos nocivos.
Com a continuidade do consumo, o usuário passa a ser um dependente crônico, dedicando-se única e exclusivamente à busca, ao consumo e na recuperação dos sintomas decorrentes do abuso das substâncias que consumiu.
Riscos decorrentes do uso abusivo
O usuário não se comporta como pessoa normal, passando a conviver com pessoas e em lugares perigosos, correndo sérios riscos, seja com relação à contaminação por doenças sexualmente transmissíveis ou com a própria vida.
Sintomas de abstinência
Após o usuário deixar de sentir os efeitos da substância que consome, seu organismo e seu cérebro passam pelos sintomas da abstinência, podendo apresentar tremores, convulsões e desmaios, entre outros, o que o leva a ser tratado por emergências médicas para sentir alívio.
Em muitos casos, para evitar esses sintomas, o usuário procura usar novamente as mesmas substâncias, entrando num ciclo ainda mais perigoso.
Diagnóstico sobre os transtornos da dependência química?
Um usuário de drogas, para ser diagnosticado como dependente, deve apresentar um certo número de sintomas da dependência durante um determinado período. Regra geral, os médicos consideram que apresentar entre dois e três sintomas, o usuário é portador de transtorno leve, enquanto que, de quatro a cinco é moderado e, acima disso, considerado dependente grave.
Devemos considerar que não existe apenas uma causa para o usuário apresentar algum transtorno com o uso de qualquer droga. Existem fatores pessoais e sociais que criam maior vulnerabilidade em qualquer usuário para que possa ser considerado alguém que necessita de emergência médica:
Causas biológicas ou genéticas
A estimativa médica é que causas genéticas podem ser responsáveis por até metade da vulnerabilidade de qualquer usuário desenvolver transtornos em razão do consumo de drogas.
Não se trata, no entanto, de apenas um gene, mas sim de uma combinação de fatores que agem em conjunto para que a pessoa seja mais suscetível aos efeitos das substâncias, ou seja, um usuário predisposto a apresentar resposta mais fraca à dopamina, pode se tornar um usuário abusivo.
Causas ambientais
O ambiente em que uma pessoa se desenvolve pode colaborar para que ele se torne um dependente, como, por exemplo, crescer com pais que não mantém uma estrutura, estar em um local onde pode encontrar mais facilmente as drogas ou compartilhar momentos com pessoas que fazem uso das substâncias.
Embora o ambiente não possa provocar transtornos que exigem emergência médica, pode aumentar a vulnerabilidade do usuário.
Causas relacionadas ao desenvolvimento físico e mental
O consumo de drogas é arriscado em qualquer idade, porém sabe-se que, quanto menor ela for, mais riscos a pessoa corre de desenvolver dependência e se tornar portador de transtornos.
A adolescência é uma das fases mais críticas, uma vez que o cérebro ainda se encontra em desenvolvimento.
Como prevenir os problemas decorrentes das drogas?
Constata-se, atualmente, que os transtornos, principalmente mentais, sai bastante comuns em usuários de drogas, afetando um grande número de pessoas, independentemente de sua condição sociocultural ou econômica.
A medicina considera, no entanto, que os homens são mais propensos a ter um diagnóstico de transtorno decorrente do consumo de drogas do que as mulheres.
Como não é possível estabelecer as causas para o desenvolvimento dos transtornos, é possível implementar estratégias de prevenção, principalmente para jovens e adolescentes, evitando que essas pessoas comecem a fazer uso de substâncias psicoativas.
Os programas de prevenção atualmente aplicados nas escolas e nas comunidades pelos profissionais de saúde permitem alertar os adolescentes sobre os riscos do consumo de drogas, embora não se possa considerar que sejam efetivos.
Hoje se sabe que não existe cura para a dependência química, muito embora os tratamentos aplicados em clínicas de recuperação possam fazer com que o dependente controle sua própria vontade e evite situações de risco.
Ao mesmo tempo, para evitar que o usuário se torne abusivo e tenha necessidade de emergência médica, é necessário que as famílias tenham maior conhecimento sobre o consumo abusivo de drogas, educando os menores para manter um estilo de vida saudável.
Os familiares são os que mais sofrem com a dependência química e, em razão disso, devem atender a algumas regras básicas para evitar que um seu integrante desenvolva transtornos que possam precisar de tratamento, tomando algumas medidas que possam ajudar a resolver o problema:
1 – Evitar demora em procurar ajuda profissional
Após a descoberta do consumo de drogas por um familiar, não se deve negar o problema, acreditando que o tempo ou conselhos possam resolver. Além disso, é preciso buscar ajuda nos locais apropriados.
Percebe-se ser bastante comum procurar ajuda com pessoas que não conhecem a fundo o problema, como parentes ou vizinhos, ou mesmo conselho de pastores ou sacerdotes.
Os familiares devem, antes de qualquer coisa, procurar um psicólogo ou um psiquiatra que tenha maior experiência, principalmente no tratamento de dependentes químicos, evitando que o usuário possa ter necessidade de atendimento de emergência médica.
2 – Encaminhar o usuário para tratamento especializado
A melhor forma de conduzir o usuário à consciência é encaminhá-lo para um tratamento especializado, já que o problema da dependência vai se agravando com o passar do tempo.
Os familiares precisam conhecer a terapia que será aplicada e participar ativamente durante todo o processo, uma vez que, sem seu apoio, o usuário não terá a força de vontade necessária para dar continuidade ao tratamento, principalmente quando liberado pela clínica, podendo ter recaídas ainda mais prejudiciais.
3 – Entender que os familiares também precisam de tratamento
Não é apenas o dependente químico que precisa de tratamento, como dissemos no item anterior. A maior parte dos familiares desenvolve uma codependência que, embora não tenha necessidade de atendimento em emergência médica. interfere de tal forma em sua vida diária que eles passam a viver o problema mais intensamente que o próprio dependente.
4 – Não se deve ignorar quando se descobre a dependência
Os familiares precisam se conscientizar de que o problema da dependência não pode ser ignorado sob nenhuma hipótese. A partir do momento em que se descobre que uma pessoa é dependente, é preciso procurar meios para levar o dependente a tratamento, evitando que possa chegar ao chamado “fundo do poço”.
O tratamento não pode ser adiado e, mesmo que o dependente não o aceite, é possível fazer a internação involuntária, já que ele irá apresentar cada vez mais transtornos que o levarão a condições de exigência de emergência médica.
5 – Nunca atender os desejos do dependente químico
Descoberta a dependência, os familiares devem se unir no sentido de não atender qualquer vontade do dependente. O primeiro passo para conseguir que ele saia de sua situação é não oferecer o apoio que o deixe continuando com o consumo de drogas.
6 – Os familiares não devem investir na doença e sim no tratamento
O tema pode parecer controverso, mas existem familiares que costumam pagar as dívidas do dependente, assumir responsabilidades por ele e, dessa forma, fazendo com que a situação continue se agravando cada vez mais.
Atender os desejos do dependente e fazer com que ele fique livre de problemas é apenas financiar a dependência química, em vez de promover o tratamento. O dependente deve se conscientizar que, enquanto continuar usando drogas, não terá qualquer apoio por parte da família.
7 – Os familiares devem agir mais e falar menos
Um dos erros mais comuns em uma família com dependente químico é a reação dos pais ou familiares que, durante momentos de crise, costumam ameaçar o dependente e, em seguida, se arrependem e continuam atendendo suas vontades.
Essa é uma condição que ocorre frequentemente e é uma das principais causas da codependência, levando os familiares a sentirem culpa pelo fato de ter um dependente na família.
É importante impor limites e estabelecer consequências para o seu não cumprimento e, se preciso conversar, sempre fazer isso quando o dependente não está sob efeito de drogas.
8 – Os familiares não devem se entregar à situação
A codependência é uma condição que pode ser considerada como doença. O fato acontece principalmente com as mães, que procuram atender todas as necessidades de seus filhos, mesmo quando se encontram no estágio de dependência química.
Para evitar que isso ocorra e também evitar que a situação exija atendimento de emergência médica, é essencial delimitar as condições e evitar se deixar levar pelo sentimento de culpa ou por qualquer outra razão questionável apresentada pelo dependente, entendendo que o distanciamento faz com que a situação seja melhor analisada e conduzida.
9 – Os familiares não podem subestimar o dependente químico
Em uma família com dependente químico é bastante comum que ele seja visto como uma pessoa que não tem condições de resolver seus próprios problemas, como, por exemplo, tomar iniciativas para coisas básicas.
O dependente nunca deve ser visto como um incapaz, mas sim como a pessoa que verdadeiramente é, ou era, antes da dependência se desenvolver. O dependente escolheu essa condição quando começou a usar drogas e não deve ser protegido, mas sim tratado para retornar a uma vida normal e saudável.
O dependente químico precisa de tratamento especializado para não se tornar portador de problemas e transtornos que possam prejudicar ainda mais sua vida. Em muitas situações, os familiares podem evitar, inclusive, a contratação de uma empresa de “resgate dependência química“ para fazer uma internação involuntária. Para isso, basta entender que, depois de descoberto o consumo de drogas, as medidas sejam adotadas e levadas a sério por todos os familiares.
Saiba mais:
Gostou desse artigo?
-
- Conheça mais o nosso trabalho –> Aqui na Brasil Emergências Médicas
- Quer saber mais sobre saúde? Então olhe nosso feed do Instagram da Brasil Emergências Médicas!