Como Funciona a Internação Involuntária: Entenda o Processo Legal e Médico

como funciona a internação involuntaria

Curitiba, 14 de março de 2024, escrito por Gilson Rodrigues. Como Funciona a Internação Involuntária: A internação involuntária é um tema complexo e sensível no cenário brasileiro, principalmente quando associado ao tratamento de pessoas com dependência química. Esse tipo de internação é caracterizado pela admissão de um indivíduo a uma instituição de saúde sem o seu consentimento expresso, geralmente solicitado por familiares ou responsáveis legais. De acordo com a Lei 13.840/2019, a internação involuntária só pode acontecer sob condições específicas e seguindo procedimentos estritos para garantir a segurança e os direitos do paciente.

Este procedimento é muitas vezes considerado quando as circunstâncias indicam que a pessoa não tem a capacidade de tomar decisões por conta própria devido ao seu estado de saúde. No Brasil, as emergências médicas que exigem uma ação rápida e eficaz podem incluir situações de risco iminente à vida ou à saúde do indivíduo envolvido, justificando assim a necessidade de uma intervenção mesmo contra a vontade do mesmo.

Ao lado da saúde do paciente, a internação involuntária também pode afetar a dinâmica familiar, sendo uma decisão carregada de angústia e preocupação. Portanto, envolve uma série de aspectos legais, éticos e emocionais, e os profissionais envolvidos na decisão devem estar plenamente cientes de suas responsabilidades e das implicações do tratamento para o paciente e sua família.

Como Funciona a Internação Involuntária?

A internação involuntária é uma medida de saúde que ocorre quando uma pessoa com sérios transtornos mentais é internada sem o seu consentimento, fundamentada em legislações específicas que visam proteger tanto o paciente quanto a sociedade.

Legislação e Direitos

A normativa que rege a internação involuntária no Brasil é a Lei Federal nº 10.216, modificada pela Lei nº 13.840, que assegura a proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais. Segundo essas leis, a internação só pode ser realizada mediante a elaboração de um laudo médico que indique a necessidade desse tipo de cuidado para garantir a saúde do dependente químico ou do indivíduo com sofrimento psíquico agudo. É imprescindível respeitar o direito à saúde mental e a dignidade da pessoa internada.

Critérios e Avaliação Médica

Para a realização de uma internação involuntária, critérios específicos devem ser atendidos. Um médico psiquiatra deve avaliar o caso e certificar-se de que a internação é a única forma viável de tratamento no momento. Essa avaliação se faz necessária para proteger o paciente, pois a internação sem o consentimento deste é uma medida extrema. A avaliação médica criteriosa é fundamental para validar a necessidade do procedimento e para elaborar o plano terapêutico mais adequado.

As Brasil Emergências Médicas podem ser acionadas caso haja uma urgência na internação de um paciente cujas condições psíquicas impõem riscos a sua integridade ou à de terceiros. A assistência deve ser rápida e efetiva, sempre prezando pelo bem-estar do indivíduo.

Diferenças entre Internações: Involuntária, Voluntária e Compulsória

As modalidades de internação psiquiátrica no Brasil são definidas com base no direito do paciente e na avaliação da necessidade de tratamento em casos de crises ou desequilíbrios psicológicos que exijam cuidados imediatos. Essas modalidades são estabelecidas pela Lei Federal Nº 10.216 e compreendem a internação voluntária, involuntária e compulsória, tendo cada uma características e processos legais específicos.

Internação Voluntária

internação voluntária é caracterizada pelo ingresso do próprio paciente na unidade de tratamento, evidenciando seu consentimento. Esse tipo de internação ocorre quando a pessoa, reconhecendo a necessidade de ajuda especializada em momentos de desequilíbrio, busca espontaneamente ou é persuadida a aceitar o tratamento médico. Respeita-se plenamente os direitos do indivíduo, uma vez que sua vontade é fundamental para a admissão hospitalar.

Internação Compulsória

Diferente da voluntária, a internação compulsória é determinada pelo poder judiciário, ou seja, um juiz, mediante um laudo médico e após a solicitação do Ministério Público. Normalmente, esse tipo de internação é aplicado quando o paciente, devido a um quadro psiquiátrico grave, não tem capacidade de decisão ou representa risco para si ou para outros. O objetivo é garantir que o tratamento necessário seja administrado para a proteção do paciente e da sociedade em momentos de crise aguda.

O Processo de Internação Involuntária

A internação involuntária é uma abordagem utilizada quando o indivíduo encontra-se em um estado que põe em risco a própria segurança ou a de terceiros, necessitando, portanto, de tratamento sem o seu consentimento.

Pedido de Familiares

pedido de internação involuntária parte, em geral, dos familiares ou responsáveis legais do indivíduo que precisa de cuidados. É necessário que haja uma relação consanguínea ou uma tutela formal para que o pedido seja encaminhado à instituição adequada. Os familiares têm o desafio de balancear a proteção do ente querido com o respeito às suas liberdades individuais, um dever que implica tanto em considerações emocionais quanto legais.

Avaliação por Especialistas

Após o pedido dos familiares, o paciente passa por uma avaliação médica detalhada, conduzida por um médico psiquiatra ou, em alguns casos, por uma equipe multidisciplinar. A avaliação visa assegurar que o tratamento proposto é o mais adequado para a situação do indivíduo, sempre com o objetivo de prover a maior segurança e benefício possível para sua saúde e bem-estar.

Emissão de Laudo

Caso o médico identifique a necessidade de internação, ele emitirá um laudo, um documento oficial que autoriza o procedimento de acordo com as normas legais. Esse documento deve ser elaborado com base na análise clínica do paciente, e é fundamental que ele atenda a todas as diretrizes da Defensoria Pública e da legislação brasileira para garantir a proteção tanto do paciente quanto da família.

A internação involuntária é orientada por leis específicas que asseguram um equilíbrio entre a necessidade de tratamento e os direitos do indivíduo, sempre focando na reintegração desse paciente à sociedade de maneira segura e respeitosa.

Tratamento na Internação Involuntária

A person being escorted into a treatment facility by medical staff, with a concerned family member looking on from a distance

O tratamento na internação involuntária considera fases cruciais que visam não só a recuperação imediata do indivíduo com dependência química, mas também seu bem-estar contínuo e sua capacidade de retomar uma vida social ativa e saudável.

Desintoxicação

desintoxicação é o primeiro passo do tratamento e envolve a remoção das substâncias tóxicas do corpo do paciente. Esta etapa é geralmente acompanhada por uma equipe multidisciplinar que presta o cuidado necessário para lidar com os sintomas de abstinência. Em uma clínica de recuperação, o compromisso com a melhora do paciente é evidente, garantindo um ambiente seguro para essa transição inicial.

Reabilitação e Acompanhamento

Seguindo a desintoxicação, o processo de reabilitação foca-se na recuperação física, emocional e psicológica. As sessões de terapia individual e em grupo são essenciais, permitindo que o indivíduo compreenda suas questões e aprenda a gerenciar a vida sem a dependência química. Aqui, é fundamental o papel da equipe multidisciplinar, que orienta o tratamento necessário à reabilitação, promovendo uma melhor qualidade de vida.

Reinserção Social

O último estágio é a reinserção social, uma fase vital que prepara o indivíduo para voltar ao convívio social e familiar. Programas e atividades são estruturados para fornecer as habilidades sociais e de empregabilidade necessárias, fortalecendo a autonomia do paciente e incentivando a construção de uma rotina saudável e produtiva, longe das drogas.

Desafios e Críticas à Internação Involuntária

A internação involuntária, embora seja uma medida legalmente reconhecida no Brasil para tratamento de dependência química e transtornos mentais, enfrenta diversas discussões relativas à ética e impactos sociais. Vamos explorar os principais desafios e críticas.

Questões Éticas e de Consentimento

Em questões de ética e consentimento, a internação involuntária coloca em pauta a autonomia do indivíduo. No Brasil, segundo a Lei 13.840/2019, a internação sem o consentimento do paciente só é permitida em casos em que ele não tem condições de avaliar a necessidade do tratamento. Há preocupações sobre o possível desequilíbrio entre a responsabilidade médica e os direitos à liberdade e à integridade pessoal. A ação deve ser sempre a última opção e tomada com base em um laudo médico detalhado que justifique a medida.

Stigma e Discriminação

A internação involuntária também está associada ao estigma e discriminação. Muitas vezes, pessoas com transtornos mentais enfrentam rótulos negativos e incompreensão da sociedade, o que pode levar a uma maior sensação de isolamento e rejeição. A abordagem agressiva, vista por alguns como uma violação de direitos, pode exacerbá-los e perpetuar a discriminação. É crucial que instituições como a Brasil Emergências Médicas e outras estejam preparadas para lidar com esses desafios, promovendo uma abordagem humana e reduzindo o preconceito na sociedade.

Apoio às Famílias dos Dependentes Químicos

As famílias que enfrentam o desafio da dependência química não estão sozinhas. Existem diversas formas de assistência social que podem ajudar tanto o dependente químico quanto seus entes queridos.

Serviços de Assistência

Organizações e serviços sociais oferecem ajuda especializada para as famílias dos usuários de drogas em diversas formas. Isso inclui terapia em grupo e suporte emocional, orientações sobre como lidar com a dependência química em casa e informações sobre o tratamento do dependente. É importante que as famílias se engajem ativamente no processo de recuperação, e para isso, os serviços de apoio são fundamentais para o suporte informacional e emocional. Programas de apoio como o descrito no Hospital Santa Mônica apresentam intervenções familiares que podem aumentar a chance do dependente aceitar ajuda.

Rede de Suporte

Além de serviços institucionais, a formação de uma rede de suporte é vital. Grupos de apoio, como exemplificado pelo Grupo Brasil, oferecem um ambiente onde as famílias podem compartilhar experiências e obter apoio emocional de pessoas que estão passando pelas mesmas situações. Essa troca de vivências e estratégias contribui para a construção de uma rede de suporte robusta e que está alinhada com os princípios da Brasil Emergências Médicas, ampliando o acolhimento e a assistência necessária para esses momentos desafiadores.

Políticas Públicas e Coordenação

As políticas públicas desempenham um papel crucial na coordenação dos processos de internação involuntária no Brasil. A legislação vigente e os órgãos competentes estabelecem diretrizes e responsabilidades claras para assegurar um sistema integrado e eficiente.

Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas

Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) é responsável por estabelecer as normativas para o tratamento de usuários e dependentes de substâncias psicoativas. A coordenação deste sistema está a cargo do Ministério da Saúde, que, em colaboração com outros órgãos públicos, define as políticas e ações estratégicas a serem aplicadas em nível nacional. O Sisnad também engloba procedimentos de internação involuntária, os quais devem ser solicitados por um familiar ou responsável legal. Na ausência destes, um servidor público da área de saúde ou assistência social pode realizar o pedido.

Programas Estaduais e Municipais

Os programas estaduais e municipais são fundamentais na execução das políticas definidas pelo Sisnad. Com a coordenação dos respectivos órgãos de saúde e assistência social em nível local, é possível garantir que as diretrizes sejam adequadamente implantadas. Cada estado e município pode adaptar as políticas à sua realidade, porém sempre em consonância com as diretrizes nacionais. Isso inclui a articulação com serviços locais, como a Brasil Emergências Médicas, para proporcionar intervenções rápidas e eficazes em casos de internações involuntárias.

A coordenação e integração entre políticas públicas nacionais, estaduais e municipais são essenciais para assegurar que os indivíduos que necessitam de internação involuntária recebam o cuidado e o suporte adequado de acordo com a legislação.

Casos e Jurisprudências Relevantes

A person being involuntarily admitted to a mental health facility, surrounded by legal documents and court rulings

A análise de casos e jurisprudências sobre internação involuntária é crucial para compreender as aplicações práticas das leis 10.216 e 13.840. Estes documentos legais têm impacto direto na vida dos cidadãos e no trabalho das instituições jurídicas do Brasil, como o juiz, Ministério Público e a Defensoria Pública.

Decisões Judiciais

Casos de internação involuntária estão sob a jurisdição do juiz, que deve basear suas decisões em uma avaliação detalhada do estado de saúde do paciente. A lei 10.216 estabelece que a internação deve ser uma medida extraordinária, onde é necessário demonstrar um claro comprometimento da capacidade cognitiva do paciente. Um caso consultado no Jusbrasil reflete isso, mostrando a necessidade de elementos concludentes para a internação.

Impactos Legais

A implementação da internação involuntária deve sempre resguardar os direitos fundamentais do paciente. A lei nº 13.840/2019 trouxe mudanças importantes, enfatizando a necessidade do respeito aos direitos do dependente químico. Um trecho acessado no SciELO menciona que toda internação desse tipo deve ser comunicada em até 72 horas ao Ministério Público Estadual, garantindo a fiscalização da medida e a proteção ao indivíduo.

O papel da Defensoria Pública também é relevante, assegurando que os direitos dos pacientes sejam defendidos durante todo o processo. Situações de emergências médicas podem envolver a internação involuntária e é fundamental que ela ocorra em conformidade com as leis federais vigentes no Brasil.

Conclusão

A person being escorted into a facility by medical professionals

internação involuntária é uma medida legal, aplicada no contexto da saúde mental e dependência química no Brasil, que respeita os direitos dos indivíduos mesmo em circunstâncias onde eles não conseguem buscar ajuda por conta própria. Define-se como a admissão de uma pessoa a tratamento sem o seu consentimento explícito, o que pode ser necessário quando a segurança do paciente ou de terceiros está em risco.

No Brasil, a Lei 13.840/2019 estabelece diretrizes claras para o processo de internação involuntária, procurando salvaguardar a dignidade e os direitos do paciente. Familiares e profissionais de saúde devem estar cientes dos critérios legais e éticos que guiam essas decisões para assegurar que nenhuma liberdade seja comprometida sem a devida justificação.

Processo:

    • A avaliação por um médico é obrigatória.
    • A família ou responsáveis devem estar envolvidos.
    • O Ministério Público é notificado da internação.

Quando implementada, a estratégia deve ser parte de um plano terapêutico mais amplo, incluindo tratamentos e suporte pós-internação, com a finalidade primordial de reintegrar o paciente à sociedade. Provedores de serviços de emergência, como Brasil Emergências Médicas, têm um papel vital na resposta imediata e no encaminhamento para o tratamento adequado.

Optando pela internação involuntária, é essencial que o paciente receba assistência humanizada, respeitando a sua condição e promovendo a recuperação de forma ética. As autoridades competentes devem sempre acompanhar os processos para assegurar transparência e um tratamento baseado em evidências científicas e boas práticas no campo da saúde mental.

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Gilson Rodrigues de Siqueira

Formado em enfermagem, pós graduado, palestrante em dependência química, diretor e proprietário da Brasil Emergências Médicas, Visão Tattoo e escritor nas horas vagas.