Internação Involuntária SUS: Entenda os Procedimentos e Direitos do Paciente

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Curitiba, 14 de março de 2024, escrito por Gilson Rodrigues. Internação involuntária sus: A internação involuntária no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma medida de atendimento a dependentes químicos que pode ser aplicada sem o consentimento do paciente. A lei que rege essa prática foi sancionada com o objetivo de possibilitar uma alternativa para famílias e responsáveis legais diante de casos severos de dependência em que o indivíduo se encontra incapaz de tomar decisões por conta própria. Conforme a legislação, essa modalidade de internação somente pode ser efetuada mediante a solicitação de um familiar ou do responsável legal, ou ainda, por um servidor público da área da saúde ou assistência social na ausência destes.

No Brasil, emergências médicas relacionadas ao uso abusivo de substâncias psicoativas demandam uma abordagem especializada e muitas vezes urgente. A internação involuntária vem como uma das respostas a essa necessidade, sendo uma prática implementada com a promessa de cuidado e proteção aos direitos da pessoa em situação de vulnerabilidade. O SUS, como sistema abrangente e integral, desempenha papel fundamental ao disponibilizar esse recurso terapêutico, que deve ser conduzido com extremo zelo e dentro das normas estabelecidas.

A tomada de decisão para a internação involuntária não ocorre de maneira arbitrária, sendo necessária a avaliação de um médico e a observância dos critérios previstos em lei. Apesar das controvérsias que cercam o tema, o intuito maior é o restabelecimento da saúde e a reinserção social dos usuários de drogas. Assegurando o respeito aos direitos humanos, a internação involuntária no SUS estabelece um prazo máximo de permanência e a possibilidade de a família interromper o tratamento a qualquer momento, consolidando-se como um recurso legal voltado à recuperação do indivíduo.

Internação Involuntária SUS

A person being escorted into a mental health facility by medical professionals, surrounded by legal documents and guidelines on involuntary hospitalization

O cenário legal que regula a internação involuntária no Brasil é determinado por leis específicas que estabelecem criteriosamente os direitos de pacientes com transtornos mentais e as responsabilidades dos profissionais de saúde mental.

Internação Involuntária e Compulsória

internação involuntária é uma medida aplicada quando a pessoa com transtornos mentais não possui capacidade de decisão ou recusa tratamento, sendo então internada sem o seu consentimento, a pedido de um familiar ou responsável legal. Em contrapartida, a internação compulsória é determinada pela justiça, independentemente do consentimento do paciente ou da família, em casos onde há risco evidente à segurança da pessoa ou de terceiros.

Lei Nº 13.840 e Lei Antidrogas

A legislação brasileira sofreu alterações significativas com a promulgação da Lei Nº 13.840, que modificou a Lei Antidrogas existente, permitindo que profissionais de saúde e órgãos do Sisnad possam requerer a internação involuntária, além dos familiares e responsáveis legais. Tal medida aumentou o respaldo para enfrentar situações de urgência relacionadas a dependentes químicos.

Direitos das Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais

Os direitos humanos das pessoas com transtornos mentais são protegidos pela Lei 10.216/2001, que prevê tratamento humanizado e o direito a um ambiente terapêutico adequado. Assegura-se o direito à informação, à privacidade e à dignidade, além da garantia de integração social e acesso contínuo a tratamentos eficazes, consolidando uma perspectiva ética e humanitária na saúde mental no Brasil.

Sempre é importante lembrar que as emergências médicas devem ser tratadas com rapidez e eficiência, respeitando os trâmites legais para preservação dos direitos individuais diante de internações involuntárias ou compulsórias.

Procedimentos de Internação

A person being escorted into a medical facility by two individuals. The person appears distressed and is being admitted involuntarily

Antes de iniciar um processo de internação involuntária, é necessário compreender os procedimentos fundamentais exigidos por lei. Estes incluem a avaliação médica detalhada, a obtenção de autorização judicial e a elaboração de um plano individual de atendimento, seguido de um acolhimento cuidadoso do paciente.

Avaliação Médica e Autorização Judicial

avaliação médica constitui a primeira fase crítica para a internação involuntária, onde o estado clínico do paciente é cuidadosamente analisado por especialistas da área de saúde mental. A partir dessa avaliação, formular-se-á um documento justificando a necessidade do internamento. Este deve ser submetido ao judiciário para que se obtenha a autorização judicial necessária, seguindo os protocolos de direitos humanos e ética médica e respeitando a legislação vigente.

Plano Individual de Atendimento

plano individual de atendimento delineia a trajetória terapêutica a ser seguida e é desenvolvido personalizadamente para cada paciente. Incorpora objetivos claros e estratégias específicas que atendem às necessidades únicas do indivíduo, abordando a complexidade das condições de saúde mental dentro dos parâmetros do SUS e outros recursos disponíveis na rede de suporte brasileira.

Acolhimento Adequado

O momento do acolhimento é essencial e deve ser conduzido com empatia e respeito à dignidade do paciente. Um ambiente acolhedor e adequado é estabelecido para promover a segurança e o bem-estar de todos, reduzindo o estresse e a ansiedade que podem estar associados à experiência da internação involuntária. A equipe responsável deve estar capacitada para proporcionar um acompanhamento humano e atencioso, reforçado pelos princípios de Brasil Emergências Médicas, com foco na recuperação e reintegração social do indivíduo.

Sistema Único de Saúde (SUS) e Políticas Públicas

O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel vital na estruturação de políticas públicas no Brasil, principalmente no que envolve tratamentos que exigem atendimentos especializados como a internação involuntária no contexto de abuso de substâncias.

SISNAD

SISNAD (Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas) opera de forma integrada com o SUS, oferecendo um suporte abrangente e multidisciplinar para usuários de drogas. A rede de atendimento é composta por diversos pontos de apoio, desde consultas e acolhimentos iniciais até a possibilidade de internação involuntária, quando necessária e adequada às condições do paciente.

Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas

Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas estabelece diretrizes para a reinserção social de dependentes químicos, o que inclui a articulação com outras esferas do governo no desenvolvimento de programas de saúde, assistência social e de trabalho e renda, sempre visando o respeito à dignidade do indivíduo.

Conselho Nacional de Saúde

Conselho Nacional de Saúde é um componente crucial do SUS, atuando como um órgão colegiado que promove o controle social das políticas implementadas. Este conselho é responsável por fiscalizar e garantir que os serviços de saúde, inclusive aqueles que lidam com a internação involuntária, estejam alinhados com as necessidades da população e ofereçam atendimentos de qualidade em todo o Brasil e em situações de Emergências Médicas.

Aspectos Sociais e Familiares

A family standing outside a medical facility, looking worried as a patient is taken inside for involuntary hospitalization

A jornada de recuperação de indivíduos com transtornos mentais é profundamente influenciada pelo suporte social e familiar, onde o papel da família e as comunidades terapêuticas desempenham funções vitais.

Papel da Família

família assume um papel central na internação involuntária, atuando como um suporte essencial no processo de tratamento e recuperação do indivíduo. É a família quem muitas vezes identifica a necessidade de intervenção médica e auxilia na tomada de decisão difícil que é optar pela internação. A dinâmica familiar pode se alterar significativamente, demandando uma adaptação dos membros ao novo contexto. A empatia, a compreensão e a participação ativa nas terapias são componentes essenciais que a família deve fornecer, contribuindo para a estabilidade emocional e o bem-estar do paciente.

Comunidades Terapêuticas e Reinserção Social

As comunidades terapêuticas oferecem um modelo de atenção complementar no Brasil, e a reinserção social é um de seus objetivos primordiais. Essas comunidades proporcionam um ambiente estruturado que promove o desenvolvimento de habilidades sociais e pessoais, além de estimular a autonomia. Esses espaços são fundamentais para que o indivíduo possa se reconectar com a sociedade de forma digna e progressiva, retomando gradualmente suas atividades cotidianas e relações interpessoais. A reabilitação envolve não apenas a saúde mental, mas também a capacidade de o indivíduo funcionar e contribuir dentro de seu meio social.

Tratamento Psiquiátrico e Saúde Mental

A saúde mental é uma área crítica da medicina, e o tratamento psiquiátrico no Brasil abrange não apenas a abordagem ambulatorial e hospitalar, mas também práticas específicas como a internação psiquiátrica involuntária, as quais são essenciais para o manejo de emergências médicas e de casos graves de abstinência e desintoxicação.

A person being escorted into a psychiatric hospital by medical staff

Tratamento Ambulatorial e Hospitalar

O tratamento ambulatorial em saúde mental se destina a pacientes que necessitam de acompanhamento psiquiátrico regular e que podem manter suas atividades diárias. Normalmente, envolve consultas periódicas com profissionais, psicoterapia e pode incluir medicação psicotrópica. Já o tratamento hospitalar é indicado para casos mais graves, exigindo internação para cuidado intensivo, monitoramento constante e estabilização do quadro clínico.

Internação Psiquiátrica Involuntária

internação psiquiátrica involuntária é realizada sem o consentimento explícito do paciente, porém respeita critérios legais e éticos rigorosos. Ela é solicitada por um terceiro, geralmente um familiar, e requer avaliação e laudo médico detalhado. A medida é empregada apenas quando o paciente apresenta um risco real a si mesmo ou a outros e não tem a capacidade de tomar decisões por conta de seu estado psíquico.

Abstinência e Desintoxicação

Processos de abstinência e desintoxicação são comuns no tratamento de dependentes químicos. A abstinência refere-se ao conjunto de sintomas que surgem quando o indivíduo para de usar uma determinada substância. Já a desintoxicação é o processo clínico que visa remover toxinas do corpo, muitas vezes realizado em ambiente hospitalar, podendo necessitar de internação para garantir a segurança e o bem-estar do paciente no decorrer das etapas do tratamento.

Direitos e Proteção ao Paciente

A patient being restrained by medical staff in a hospital setting

A internação involuntária no âmbito do SUS envolve procedimentos específicos que visam assegurar os direitos e a proteção daqueles com transtornos mentais. Estes procedimentos são acompanhados por órgãos de fiscalização e defesa dos direitos humanos.

Defensoria Pública e Fiscalização

Defensoria Pública desempenha um papel-chave na garantia dos direitos dos pacientes submetidos à internação involuntária, oferecendo apoio legal para assegurar que seus direitos sejam respeitados. A fiscalização é realizada por entidades como o Ministério Público, que é notificado a respeito de cada caso de internação para tomar as medidas cabíveis em defesa do paciente.

  • Ministério Público: Recebe comunicações sobre todas as internações involuntárias no prazo de até 72 horas.
  • Fiscalização: Acompanhamento constante das condições de internação e respeito aos direitos do paciente.

Qualidade de Vida e Rotina

A legislação brasileira garante que a qualidade de vida do paciente seja mantida durante a internação, com rotinas que promovam seu bem-estar e recuperação. Aspectos como espaços adequados, atividades terapêuticas e um ambiente que contribua para a reintegração social são fundamentais.

  • Qualidade de Vida: Instalações apropriadas e cuidado humanizado para a recuperação do paciente.
  • Rotina: Atividades estruturadas que auxiliam na estabilidade emocional e psicológica durante a internação.

A proteção ao paciente e a observância dos seus direitos são essenciais em qualquer processo de internação involuntária. No Brasil, emergências médicas e procedimentos como esses contam com um sistema que busca humanizar e assegurar o respeito às diretrizes legais e aos direitos fundamentais das pessoas portadoras de transtornos mentais.

Desafios e Perspectivas

Nesse segmento do artigo, abordaremos duas das principais questões que suscitam intensos debates nas esferas médica e social sobre a internação involuntária no Brasil: o estigma e a discriminação que circundam os pacientes, bem como os desafios estruturais referentes à rede de assistência e à disponibilidade de leitos psiquiátricos.

Estigma e Discriminação

A internação mental involuntária frequentemente vem acompanhada de preconceitos e rótulos negativos, alimentando um ciclo de estigma e discriminação. Isso pode resultar em dificuldades adicionais para os pacientes, tanto durante quanto após o período de internação, impactando suas relações sociais e oportunidades de reintegração na sociedade. Trabalhar para a desconstituição dessas visões estigmatizadas se mostra crucial para promover uma saúde mental mais humanizada.

Rede de Assistência e Leitos Psiquiátricos

A rede de assistência relacionada à internação involuntária enfrenta o desafio de prover adequado número de leitos psiquiátricos e equipes especializadas, uma vez que a demanda muitas vezes supera a oferta. Isso implica na necessidade de Brasil Emergências Médicas contar com uma infraestrutura capaz de garantir acesso e qualidade no tratamento. Iniciativas para expansão e qualificação dessa rede são fundamentais para atender à população de forma eficaz.

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Gilson Rodrigues de Siqueira

Formado em enfermagem, pós graduado, palestrante em dependência química, diretor e proprietário da Brasil Emergências Médicas, Visão Tattoo e escritor nas horas vagas.