31 de agosto de 2023
Post por: Gilson Rodrigues de Siqueira

Dependência química em adolescentes: fatores de risco e prevenção

dependência química em adolescentes

Curitiba, 31 de agosto de 2023, escrito por Gilson Rodrigues. Infelizmente, a cada dia que passa, a dependência química em adolescentes tem se tornado um problema em diversas famílias. Mas, você sabe quais são os fatores de risco e como fazer a prevenção? É isso que iremos abordar no decorrer deste artigo.

Na jornada para a vida adulta, a adolescência é marcada por intensas transformações físicas, emocionais e sociais.

É um momento de autodescoberta, de experimentação, de definição de identidades. No entanto, é também um período de grande vulnerabilidade.

Um desses desafios, infelizmente muito comum, é a dependência química. Essa problemática é considerada uma crise de saúde pública global, cujos efeitos nocivos permeiam as vidas individuais, as famílias e as comunidades.

Por isso, no artigo de hoje, iremos abordar os principais fatores de risco e como prevenir a dependência química em adolescentes.

Fatores de risco para a dependência química em adolescentes

A dependência química não surge do nada. Diversos elementos interagem, criando um ambiente propício para o desenvolvimento desse problema.

Compreender esses fatores é essencial para identificar os sinais precoces e possibilitar intervenções eficazes.

Então, dentre os principais fatores de risco para a dependência química em adolescentes, podemos mencionar as seguintes:

Fator genético

Embora a predisposição genética não determine por si só o desenvolvimento da dependência química, ela contribui significativamente para o risco.

Estudos indicam que filhos de pais dependentes têm maior probabilidade de desenvolver o mesmo problema.

No entanto, isso não significa que está tudo perdido se houver casos de dependência na família.

A genética é apenas um pedaço do quebra-cabeça, e um ambiente seguro e acolhedor pode desempenhar um papel crucial na prevenção.

Ambiente familiar e social

O ambiente em que o adolescente está inserido é fundamental para a sua formação. Se houver problemas como negligência, violência doméstica ou fácil acesso a substâncias, o risco de desenvolver dependência química aumenta.

Além disso, a pressão de colegas também pode ser um fator determinante. O desejo de pertencer, tão característico da adolescência, pode levar o jovem a experimentar drogas apenas para ser aceito no grupo.

Saúde mental

Problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), por exemplo, estão muitas vezes entrelaçados com a dependência química.

Muitos jovens recorrem às drogas na tentativa de aliviar os sintomas dessas condições, iniciando um ciclo perigoso de automedicação.

Baixa autoestima e desempenho escolar

A baixa autoestima, aliada ao baixo desempenho escolar, pode levar o adolescente a procurar aceitação e gratificação nas drogas.

Além disso, dificuldades na escola, como repetência e comportamento disruptivo, estão frequentemente associados ao uso de substâncias.

Porém, vale ressaltar que a presença de um ou mais desses fatores não condena o adolescente à dependência química.

Eles apenas indicam uma possibilidade aumentada. O importante é manter um diálogo aberto e amoroso com o jovem, proporcionando suporte emocional e, quando necessário, buscando a ajuda de profissionais qualificados.

Início precoce do uso de substâncias

Estudos mostram que quanto mais cedo um adolescente começa a usar drogas ou álcool, maior é o risco de desenvolver dependência no futuro.

O sistema nervoso em desenvolvimento dos adolescentes é particularmente vulnerável aos efeitos das substâncias, aumentando o potencial para a dependência.

Falta de conhecimento

A falta de informação adequada sobre as consequências do uso de drogas e álcool também é um fator de risco para a dependência química em adolescentes.

Muitos jovens podem subestimar os perigos associados ao uso dessas substâncias, especialmente quando se tratam de drogas consideradas “sociais” ou “recreativas”.

Sensação de invulnerabilidade

Na adolescência, é comum a sensação de invulnerabilidade, que leva a comportamentos de risco. A percepção distorcida de que “nada de ruim vai acontecer comigo” pode encorajar os jovens a experimentar drogas e álcool, sem medo das consequências.

Traumas

Experiências traumáticas, como abuso físico ou sexual, podem aumentar o risco de dependência química.

Muitos jovens utilizam drogas e álcool como uma maneira de lidar com a dor emocional causada por esses traumas.

Ausência de atividades de lazer

A falta de atividades prazerosas e saudáveis também pode aumentar o risco de dependência química.

Sem hobbies, esportes ou outras atividades que ofereçam uma sensação de realização, o adolescente pode ser mais suscetível a buscar a sensação de prazer e recompensa através das drogas.

Os fatores de risco são múltiplos e complexos, muitas vezes se entrelaçando de maneira intrincada.

Porém, devemos mencionar que eles não determinam um destino, mas representam sinais de alerta que devem ser levados em consideração na promoção da saúde dos jovens.

Ao reconhecermos esses fatores, estamos mais preparados para apoiar nossos adolescentes e prevenir o desenvolvimento da dependência química.

Prevenção da dependência química na adolescência

Prevenir a dependência química em adolescentes é um desafio que envolve a participação de todos: pais, educadores, profissionais de saúde e a própria sociedade.

As estratégias de prevenção devem ser multifacetadas, considerando os múltiplos fatores de risco que podem contribuir para o problema. A seguir, apresentamos algumas abordagens eficazes na prevenção.

Educação e conscientização

Educar os adolescentes sobre os perigos do uso de drogas e álcool é um passo crucial na prevenção da dependência química.

Informações precisas e claras sobre as consequências para a saúde física e mental, bem como para a vida social, podem ajudar os jovens a tomar decisões informadas.

Também é preciso desmistificar a glamourização do uso de drogas que frequentemente é apresentada na mídia.

Fortalecimento de habilidades sociais e emocionais

Trabalhar no desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais dos adolescentes é uma estratégia de prevenção eficaz.

Aprender a lidar com pressões sociais, a gerenciar emoções difíceis e a resolver conflitos de forma saudável pode tornar os adolescentes mais resilientes ao apelo das drogas.

Suporte familiar

O suporte e envolvimento dos pais e responsáveis é essencial na prevenção da dependência química em adolescentes.

Estabelecer uma comunicação aberta e respeitosa, passar tempo de qualidade juntos e demonstrar amor e aceitação são ações que podem fazer uma grande diferença na vida de um adolescente.

Oferta de atividades de lazer

Oferecer aos adolescentes uma gama de atividades prazerosas e saudáveis pode reduzir a atração pelo uso de substâncias.

Esportes, arte, música, voluntariado, e outros hobbies podem proporcionar aos jovens uma sensação de realização e pertencimento.

Apoio psicológico

É essencial que haja apoio psicológico disponível para adolescentes que estão lutando com problemas de saúde mental, traumas ou outras questões emocionais.

Sendo assim, ter acesso a um psicólogo ou conselheiro pode ser um recurso inestimável na prevenção da dependência química.

Monitoramento e supervisão

Embora seja importante respeitar a individualidade e a independência do adolescente, uma supervisão adequada também é necessária.

Isso inclui saber com quem os jovens estão passando tempo, onde estão e o que estão fazendo, além de monitorar o uso de internet e mídias sociais, por exemplo.

A prevenção da dependência química é um esforço contínuo que requer compreensão, paciência e apoio.

Cada adolescente é único e, portanto, as estratégias de prevenção devem ser adaptadas para atender às necessidades individuais.

Através da implementação dessas estratégias, podemos esperar reduzir a incidência de dependência química na adolescência e promover a saúde e o bem-estar dos nossos jovens.

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Gilson Rodrigues de Siqueira

Formado em enfermagem, pós graduado, palestrante em dependência química, diretor e proprietário da Brasil Emergências Médicas, Visão Tattoo e escritor nas horas vagas.