Como a obesidade pode contribuir para o câncer colorretal

São esperados 45 mil diagnósticos de câncer de cólon e reto para este ano; excesso de peso está entre os fatores de risco
O câncer de cólon e reto, também conhecido como câncer de intestino, representa 10% de todos os casos de câncer no mundo e é o segundo que mais mata, com cerca de 1,9 milhão de diagnósticos por ano e 935 mil mortes. Os dados são do Globocan, levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de mais de 45 mil novos casos só em 2025. A obesidade é considerada um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
O excesso de gordura corporal pode provocar um estado de inflamação crônica no organismo, criando um ambiente favorável para a formação do câncer no intestino, conforme o Ministério da Saúde.
A recomendação é manter o Índice de Massa Corporal (IMC) dentro da faixa recomendada, entre 18,5 e 24,9 kg/m². No entanto, o órgão também alerta que mesmo pessoas com o IMC adequado podem ter um nível elevado de gordura corporal.
O cirurgião especialista em cirurgia do aparelho digestivo, José Afonso Sallet, explica em entrevista à imprensa que a obesidade causa alterações no microbioma intestinal, que levam ao aumento da inflamação e da produção de compostos tóxicos capazes de danificar as células do intestino e favorecer o crescimento de células cancerígenas.
“Pesquisas sugerem que a obesidade abdominal, onde o excesso de gordura é armazenado nos órgãos do aparelho digestivo, pode estar associada a um risco maior de câncer colorretal do que outros tipos de obesidade”, afirma.
Outro fator que contribui para esse quadro é a alimentação. O Ministério da Saúde destaca que o consumo excessivo de carnes processadas, como salsicha, linguiça, presunto e bacon, e de carne vermelha – acima de 500 gramas por semana – aumenta o risco da doença. Isso ocorre porque substâncias químicas presentes nesses alimentos, como nitritos e nitratos, podem favorecer o surgimento de tumores no intestino.
Sobre como prevenir o câncer de cólon e reto, o órgão cita a alimentação equilibrada como uma das principais estratégias, recomendando uma dieta rica em alimentos in natura, como frutas, legumes, verduras e grãos integrais. Esses alimentos têm uma variedade de fitoquímicos, substâncias que exercem efeitos anticancerígenos e ajudam a evitar a formação de tumores.
A prática regular de atividade física também é indicada para o combate a esse tipo de câncer. O exercício contribui para a manutenção do peso corporal, o equilíbrio hormonal e a redução dos níveis de inflamação e do tempo de trânsito gastrointestinal. A recomendação mínima é de 150 minutos de atividades moderadas por semana.
Há pesquisas que sugerem que a cirurgia bariátrica também pode ter um efeito protetor contra o câncer colorretal. Estudo publicado na National Library of Medicine avaliou o impacto do procedimento em pacientes com obesidade mórbida e constatou que ele não apenas induz a perda de peso, mas também reduz a incidência da doença. Contudo, os autores ressaltam que mais estudos são necessários para confirmar essa relação.
Atenção aos sinais de alerta
O câncer colorretal costuma ser silencioso em seu estágio inicial, o que torna o diagnóstico precoce um desafio. Entre os sintomas que podem surgir estão: sangue nas fezes, desconforto abdominal, alteração no hábito intestinal, perda de peso sem causa aparente e fezes mais finas do que o habitual
A presença desses sinais não significa, necessariamente, a existência de um tumor, já que outras doenças intestinais podem causar sintomas semelhantes. No entanto, qualquer alteração persistente deve ser investigada.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) orienta que homens e mulheres realizem a colonoscopia a partir dos 50 anos. Para aqueles com histórico familiar de câncer, o exame deve ser feito a partir dos 40 anos.
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